A Caraíba Sementes, companhia que atua com o desenvolvimento de sementes de soja e de milho por melhoramento genético, quer mudar de divisão. No espaço de quatro anos, pretende sair do time das empresas com receita anual de R$ 100 milhões para o clube do R$ 1 bilhão.

Para subir nessa escala de 10 vezes, vai partir para o ataque sob a liderança de um capitão experiente.

A escolha da empresa de 40 anos da família Buffon (não a do famoso goleiro italiano) recaiu sobre o alemão Thomas Britze, que entra no time para atuar como vice-presidente comercial e de clientes.

Britze tem uma carreira extensa de início curioso. Antes de passar quase 20 anos na Bayer, onde atuou liderando times da empresa em Portugal, Itália e Brasil, passou no início dos anos 1980 pelas categorias de base do clube alemão Bayer Leverkusen. Na época, atuou como um zagueiro. Agora, precisa se transformar em artilheiro.

Após uma lesão quando estava para se profissionalizar, Britze – fã de carteirinha do maior jogador da história da Alemanha, Franz Beckenbauer – decidiu cursar administração de empresas e virou trainee na própria dona do clube, a Bayer, desta vez na área administrativa da multinacional.

Quando deixou a gigante química alemã, trilhou uma carreira profissional em filiais brasileiras de empresas do agro como a HELM do Brasil e na Amvac, de defensivos, onde atuou como CEO.

Na sequência, foi conselheiro em companhias como a Hand, o KGS Group, a Commotech Marketplace e a própria Caraíba, onde entrou em fevereiro deste ano.

Passados dois meses, Felipe Buffon, um dos donos da companhia sedeada em Rio Verde, em Goiás, e filho de José Buffon, fundador, resolveu trazer Britze para dentro da operação. Assim como foi nos tempos de jogador da base do Bayer Leverkusen e da seleção alemã sub-17, ganhou a braçadeira de capitão.

“O primeiro foco para atingir a meta [dos R$ 1 bilhão], é formar um time de excelência para se relacionar com os clientes, atuais e novos”, comentou Britze ao AgFeed. “Conheço a família Buffon há 15 anos, e vejo a empresa com a casa praticamente pronta. Só precisamos fazer os ajustes finos para a próxima fase"

Em resumo, a empresa pretende fortalecer a área comercial do negócio, a fim de expandir sua atuação, que hoje ocorre predominante no Cerrado de Goiás e Mato Grosso, para outras regiões produtoras de soja e milho.

Para jogar ao lado do capitão alemão, a Caraíba contratou três nomes de peso no mercado. Marcelo José Batistela, com passagens por empresas como Monsanto e GDM, será o novo responsável pela área de desenvolvimento de produtos.

Além dele, Márcio Lavoura chegou para ser o líder de marketing comercial estratégico e Marcelo Sousa, supervisor de vendas em Minas Gerais e São Paulo. Ambos tiveram passagens pelas empresas Amvac e HELM do Brasil.

A contratação de Sousa evidencia um dos focos dessa expansão: a região de Minas Gerais e de São Paulo. Segundo Thomas Britze, a empresa já tem feito roadshows e conversado com plataformas de distribuição e empresas de sementes regionais.

“Queremos passar de uma empresa regional para uma nacional. Já fomos abordados até para sermos internacionais, mas vamos fazer tudo com calma e sem loucuras. Buscamos parceiros de longo prazo para já preparar a empresa, que está na segunda geração da família, para a terceira”, diz o executivo.

O grande desafio, na visão da empresa, é fazer com que os produtores conheçam a marca Caraíba nas regiões em que a marca ainda não tem atuação forte.

“Nosso milho tem potencial no Sul e essa será uma segunda região de foco de expansão. Olhamos para eventuais aquisições, se tivermos oportunidades”, destaca.

Além da expansão regional, a empresa quer dar continuidade no desenvolvimento científico das variedades genéticas de milho e soja.

No ano passado, foram investidos R$ 35 milhões na área de pesquisa e desenvolvimento, explica um dos donos da empresa, Felipe Buffon.

Nas palavras dele, a Caraíba é uma empresa “de pesquisa de soja e milho”. “Surgimos com esse propósito de desenvolver novos híbridos desses grãos, sempre com parcerias multinacionais e com companhias de biotecnologia”, comenta. Atualmente, os parceiros da empresa incluem a Bayer, a Syngenta e a Corteva.

Buffon afirma que, por se tratar de uma empresa que atua com variedades genéticas, o investimento é necessário para ter uma oferta contínua de produtos. Por ano, cerca de 30 mil variáveis híbridas são testadas pela companhia.

No modelo de negócio, a empresa adquire receita por duas frentes. Primeiro na própria venda da semente desenvolvida dentro de casa. Além disso, concede o uso do direito de produção dessas para outros sementeiros, que pagam royalties para a Caraíba.