Um estudo realizado pela plataforma de classificados eletrônicos OLX estima que cada brasileiro tem, em média, R$ 2,1 mil em produtos que podem ter valor em um mercado de itens usados.

Não há (ainda) um corte desse estudo para o meio rural, mas Regina Botter, diretora geral da empresa, está curiosa para saber. “Esse pode ser o alvo de um próximo estudo”, afirma, em conversa com o AgFeed.

O interesse da executiva é baseado no crescimento percebido nas transações envolvendo artigos da categoria Agro na plataforma. Segundo Regina, todos os meses cerca de 1,3 milhão de usuários acessam essa categoria no site da empresa, em um total de 3,6 milhões de sessões.

“A nossa plataforma é tão democrática e abrangente, que o que se passa no Brasil a gente reflete”, diz. “A importância do agro começa também a se refletir nos negócios da OLX”.

Os números precisos da participação do segmento nos negócios são difíceis de quantificar, já que a OLX funciona apenas como uma vitrine para que os vendedores apresentem os produtos que querem comercializar e o fechamento das transações é feito fora da plataforma.

A companhia até busca, através de contatos com os vendedores, entender se a venda do item anunciado realmente aconteceu e se o comprador foi encontrado através dela.

“Conseguimos monitorar precisamente a quantidade e característica dos anúncios e buscamos orientar vendedores para que coloquem nas categorias corretas para que quem busca encontre o que precisa”, explica.

Ainda assim, as análises dos dados coletados pela OLX já permitem mostrar crescimentos expressivos em transações com produtos voltados às atividades agropecuárias em algumas regiões específicas.

Em Goiás, por exemplo, a comercialização de itens como sementes, mudas, cereais, grãos e balanças para pesagem cresceram 57% no ano passado, no comparativo com 2022. O estado foi o que apresentou maior variação nesse quesito, seguido da Bahia, com aumento de cerca de 33%.

O levantamento da empresa também registrou crescimento nas vendas de peças para tratores e máquinas, como motores e implementos. Na Bahia, o aumento foi de 54% no mesmo período. No Pará, as comercializações desse tipo de item aumentaram quase 10%, enquanto no Ceará, subiram 8%.

Regina acredita que a tendência, no médio prazo, é a OLX criar estratégias específicas para o setor agro, seja na comunicação, seja na abordagem a parceiros. Hoje, apesar do crescimento, a categoria ainda não tem um tratamento diferenciado como automóveis e imóveis, duas áreas que estão entre as de maior volume de buscas na plataforma.

Nesses dois casos, além dos anúncios gratuitos, a OLX atua mais próxima das cadeias profissionais, servindo como plataforma de vendas eletrônicas para algumas empresas e até mesmo acoplando serviços para financiamento na aquisição dos bens, sempre em parceria com alguma instituição financeira.

“Queremos entender bem o segmento agro. É o próximo no nosso interesse”, afirma a diretora. Segundo ela, 2024 será um ano de investir em melhorias técnicas na plataforma, facilitando a experiência de inserção dos anúncios e a segurança para o usuário.

Um dos pontos específicos que Regina avalia que precisam ser entendidos para a expansão das oportunidades junto ao agronegócio é o valor dos bens, em geral mais alto que a média dos anúncios na OLX.

A oferta de máquinas usadas, por exemplo, envolve quantias maiores e também complexidade na entrega do bem transacionado, caso vendedor e comprador estejam muito distantes.

A plataforma ajuda privilegiando a exposição dos anúncios geograficamente mais próximos dos compradores, mas em alguns casos essa distância pode inviabilizar até mesmo um negócio que oferece vantagem no preço.

“Nosso foco é comentar a economia circular, mostrando a importância de ressignificar os itens usados, permitindo a recomercialização de um produto que já teve seu primeiro ciclo de vida”, afirma ela.

“Um exemplo é quando um agricultor compra uma máquina mais moderna. Isso gera a necessidade de reciclar a anterior, que muitas vezes está operante, em boas condições. Não existem muitas alternativas para esse segmento”, diz.

Além disso, a empresa vislumbra o potencial do produtor rural como comprador de itens de outras categorias. “Ele atua no segmento, mas também é uma pessoa física que pode vender trator e comprar carro, celular etc.”

A recorrência dos compradores é alta e chega. Segundo Regina, mais de 40% dos usuários que começam a jornada de busca em um segmento olha também itens em outros.

Segundo análises da empresa, historicamente um terço dos usuários que demonstram intenção de compra voltam a fazer contato no mês seguinte.

Outro mercado potencialmente interessante para a OLX é o de imóveis. Se um dos destaques da plataforma são os anúncios de casas, apartamentos e imóveis comerciais urbanos, o segmento de propriedades rurais ofertados nas plataformas do grupo (que além da OLX, controla também a ZAP e a Viva Real) correspondem a 9,5% do share de inventário de venda e 10,8% de locação desta tipologia.