Até ontem, o BofA (Bank of America) não estava muito animado com a perspectiva da SLC Agrícola para os próximos meses.
Entretanto, essa visão mudou. A analista da instituição que cobre as empresas de agro da Bolsa, Isabella Simonato, escreveu um novo relatório, distribuído aos clientes do banco nesta quinta, 25 de janeiro, melhorando a recomendação para a ação e citou os motivos para o otimismo.
O primeiro motivo está relacionado à colheita da safra 2023/2024 no País. A SLC havia revisado para baixo as projeções de área e produtividade para essa temporada, no último mês de dezembro, em 5% e 7%, respectivamente.
A empresa avaliou as condições climáticas adversas no Centro-Oeste, causadas pelo El Niño, como fator determinante para essa revisão. Isso fez com que, naquele momento, o BofA incorporasse as novas projeções de rendimento em sua análise.
Agora, porém, já vê um prognóstico um pouco mais favorável à safra. “Relatórios recentes indicam que a colheita acelerou no Brasil nas últimas semanas e as previsões meteorológicas indicam bons níveis de chuvas nas próximas semanas em Mato Grosso e Goiás, o que é bom para o desenvolvimento da soja plantada tardiamente”, pontuou Simonato, no relatório.
Outro ponto é que o preço do algodão se recuperou do final do ano para cá, com um avanço de 5% no mercado, para os atuais US$ 81 por libra, no contrato futuro de dezembro deste ano.
De acordo com a analista, isso reduz riscos de lucros menores para a empresa. Por último, a entrada da família Scheffer na estrutura societária da SLC foi o terceiro motivo que fez o BofA olhar com novos olhos para a ação da companhia.
Na semana passada, a SLC informou à Comissão de Valores Mobiliários que a família Scheffer, sócios do Grupo Scheffer, passou a deter mais de 5% de seu capital.
No comunicado, a SLC reproduz comunicação recebida de Guilherme Mognon Scheffer, diretor financeiro e comercial do grupo Scheffer, informando que, "objetivando investimento", um grupo de quatro pessoas físicas - ele, Elizeu Zulmar Maggi Scheffer, Carolina Mognon Scheffer e Gyslaine Rafaela Scheffer - "adquiriram conjuntamente participação societária" na companhia agrícola.
Segundo o documento, com a compra, o grupo passa a deter mais de 23,7 milhões de ações ordinárias da SLC Agrícola, o equivalente a 5,366% do capital da empresa.
De acordo com Simonato, a entrada de um dos maiores players do agro brasileiro na empresa ajuda a “sustentar” os dois outros motivos.
Diante do apresentado, o BofA deixou de recomendar a venda da ação para seus clientes e adotou uma postura neutra frente ao papel. Além disso, aumentou o preço-alvo da ação ao final deste ano de R$ 18 para R$ 22.
Na Bolsa, os investidores reagiram bem à nova recomendação, e o papel da SLC avançava quase 2% na tarde desta quinta-feira, cotado a R$ 19,40.
As ações da SLC não têm refletido, na Bolsa, o clima ruim do campo nos últimos tempos. De um ano para cá, por exemplo, a ação acumula baixa de mais de 13%. No final de janeiro de 2023, a ação era cotada a R$ 23.
Quando divulgou, no começo de dezembro passado, o fato relevante com a revisão de suas projeções operacionais, com diminuição da área de soja e milho e aumento para algodão 1ª safra, a ação ordinária da SLC começou uma trajetória de queda, e chegou a cair 2,5% em um só dia.
Do primeiro pregão de janeiro até agora, porém, a ação parece esboçar uma recuperação e acumula alta de mais de 5%. Resta saber como se encerrará a safra 2023/2024 e os reais efeitos do El Niño na produção, para que o mercado trace as novas expectativas para ação.