76 projetos, 150 torres e 2,1 milhões de hectares conectados pelo Brasil. Dentre os clientes, Amaggi, Bom Futuro e a Louis Dreyfus Company (LDC).
Mais expressivos que os números e nomes que envolvem a Solis, companhia que atua como operadora de internet privada 4G e que é totalmente dedicada ao agronegócio, é o tempo para atingir esses resultados: tudo foi conquistado em menos de um ano e meio de vida do negócio.
A companhia foi fundada no início de 2023 por Felippe Antonelle, um ex-executivo da Jacto e Totvs e que participou da criação da iniciativa ConectarAgro, que reúne grupos do setor para fomentar a conectividade no campo. E, para o futuro, tem metas ainda mais ambiciosas.
Na empresa, que atua com um modelo de negócio de prestação de serviços de internet, a meta é instalar 350 torres de internet privada em propriedades e empresas do agro até o final de 2025.
A Solis atua como uma operadora de telecom, que monta a infraestrutura física e de sistemas e vende para o cliente a conectividade, sem cobrar pela instalação da torre.
A empresa estrutura redes privadas e distribui chips, físicos ou virtuais, para que o produtor conecte somente equipamentos específicos dentro de uma propriedade.
A Solis atua como uma operadora de telecom privada. O cliente não paga pelo investimento que é feito para instalar as torres ou compra dos rádios. A empresa é remunerada pela prestação do serviço.
“É um modelo 100% as a service, onde o cliente paga a assinatura. Se ele quiser, por exemplo, conectar um Fieldview online, ele precisará do nosso chip atrás do iPad”, explica.
Nos 2,1 milhões de hectares cobertos atualmente, 1,5 milhão (70% do total) está em propriedades que cultivam grãos e fibras, principalmente no Mato Grosso. 5% da área está em citricultores de laranja e o restante está em usinas do setor sucroenergético. A meta é ter 10 milhões de hectares conectados até o ano que vem.
“A nossa missão é entrar agora no setor de florestas plantadas, mas também temos o desejo de entrar no café. Vamos desbloqueando os segmentos de acordo com o nível de adesão tecnológica de cada grupo”, conta Antonelle.
A presença em usinas de açúcar e etanol é recente e, por se tratarem de grandes empresas com parques industriais de alta extensão, demandam mais de uma torre por propriedade. “No geral são 20 torres”, estima.
O sócio-fundador comenta que a empresa tem sido procurada também por pecuaristas. “O setor tem muita demanda para atuar com rastreabilidade por meio dos brincos. Esse é um segmento que nos surpreendeu”, afirmou.
Na semana passada, por exemplo, a empresa anunciou em suas redes sociais ter fechado contrato para conectar, em Goiás, a Fazenda Bandeirante, do pecuarista Roque Quagliato, um dos maiores criadores de bovinos do Brasil, com mais de 200 mil cabeças.
Uma demanda represada
Antonelle já atua no agro há 13 anos. Antes de fundar a Solis, atuou alguns anos na Totvs, uma das maiores empresas de tecnologia do País, onde foi executivo focado no agronegócio. Nos últimos anos na empresa, era responsável por levar as soluções agroindustriais da companhia para toda a América Latina.
No início de 2022, se juntou à Jacto para criar uma área digital dentro da empresa. “A ideia era fazer com que a companhia deixasse de ser apenas uma empresa de máquinas e também atuar com dados”.
Foi nessa época que a Jacto se uniu com outras empresas de máquinas como AGCO, CNH e Solinftec e companhias como a TIM para criar o ConectarAgro, uma associação que busca viabilizar a internet 4G em áreas rurais do Brasil.
Segundo o executivo, a ideia inicial foi “evangelizar e padronizar o protocolo 4G no agro brasileiro”. No acordo, todas as máquinas e startups que fossem desenvolvidas a partir daquele momento seguiriam o mesmo princípio de conexão.
O sócio-fundador da Solis buscou dois parceiros estratégicos: o Seccional Grupo, que possui uma empresa que fabrica torres para todos os segmentos de telecom, e a CS Tower, que é uma integradora de sistemas.
“Unificamos infraestrutura e obras para poder ter custo e levar sempre a estrutura pesada para dentro da fazenda”, afirmou. A empresa nasceu oficialmente no início de 2023.
Por conta dessa estrutura societária, a empresa consegue instalar torres maiores do que as operadoras tradicionais. Enquanto em companhias tradicionais a altura fica próximo dos 50 metros, a Solis constroi estruturas de 100 metros.
“A gente sempre vai com torres mais altas para cobrir mais a propriedade”, cita. Ele explica que uma torre de 60 metros de torre cobre aproximadamente 10 mil hectares, e custam a partir de R$ 8,5 mil.
Carteira que dá frutos
Para além de conquistar novos clientes, a empresa pretende expandir os serviços de conexão dentro de outras fazendas de clientes que fazem parte da carteira atual.
Nos citros, Antonelle conta que a empresa conecta atualmente uma fazenda de uma das principais players do setor da laranja e agora vai expandir para mais de 40 propriedades, do mesmo cliente.
“Na Bom Futuro, nós conectamos algumas fazendas, mas eles possuem dezenas unidades de produção pelo País. Além de prospectar novos clientes, vamos reforçar com quem já está na casa”, diz.
Atualmente a Solis possui um escritório em São Paulo, outro em Goiás e outro na Flórida, nos Estados Unidos. No Norte da América, a empresa está iniciando alguns projetos de 4G e 5G nos estados de Indiana, Iowa e Nebraska.
A internet 4G chega via fibra óptica, satélite ou rádio, o que coloca a Solis como atuante no chamado “Last Mile”, termo do mundo das telecomunicações que se refere à etapa final da conexão que leva os serviços de internet do provedor até o cliente.
Dessa forma, a empresa fica responsável por, além de fornecer as torres e sistemas, toda a garantia de que o produtor permaneça conectado. A empresa utiliza a fibra óptica do provedor que chegue mais próximo à propriedade e complementa com serviços de rádio e satélite.
Nos satélites, a empresa possui parcerias com companhias de fornecimentos como a Sartlink e para os rádios firmou um contrato recente com a Nokia.
Os links satelitais servem para dar a chamada redundância. “A fibra é a fonte primária da conexão e, se houver algum perda no forcimento, ele usa o sinal de redundância onde os clintes nem percebe a diferença”.