No mercado financeiro, circula a máxima de que a expectativa é mais relevante que o fato consolidado. Principalmente quando se trata de resultados corporativos. E o comportamento da ação da Nutrien nesta quinta-feira, dia 9, após a empresa divulgar seus números, confirmam essa tese.
A multinacional canadense que produz fertilizantes e atua na distribuição de produtos e serviços agrícolas teve piora em todos os seus números no primeiro trimestre de 2024, na comparação com o mesmo período de 2023.
No entanto, a companhia resolveu manter suas projeções operacionais e financeiras para o ano todo, projetando melhora do ambiente em seus principais mercados, especialmente na América do Norte e no Brasil.
Por isso, a ação negociada na Bolsa de Nova York operava em alta de 4% na manhã desta quinta, chegando ao maior patamar desde novembro do ano passado.
Nos números do primeiro trimestre, a Nutrien registrou queda de 12% nas vendas, ficando abaixo de US$ 5,4 bilhões, e de 20% no lucro bruto, registrando pouco mais de US$ 1,5 bilhão.
Para piorar um pouco a situação, a companhia teve um aumento anual de 15% nas despesas. Assim, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado caiu 26%, para pouco mais de US$ 1 bilhão, e o lucro líquido despencou mais de 70%, para US$ 165 milhões.
A justificativa da Nutrien para esse desempenho se resume aos preços dos produtos, citando principalmente os fertilizantes. “Essa queda foi parcialmente compensada pelos lucros registrados no varejo, aumento no volume vendido de fertilizantes e menores despesas com gás natural”, diz a empresa em comentário que acompanha os números.
Entre os tipos de fertilizantes, o pior resultado registrado pela Nutrien no primeiro trimestre ficou com os nitrogenados, que tiveram queda superior a 30% tanto nas vendas quanto no Ebitda ajustado.
Segundo a casa de análise norte-americana Zacks Equity Research, o próprio resultado do primeiro trimestre, ainda que negativo, veio acima do esperado pelos analistas. A Zacks projeta um lucro por ação de US$ 0,36, e a Nutrien entregou US$ 0,46.
E a companhia resolveu manter suas projeções para 2024 feitas no início do ano, baseada principalmente na recuperação das margens nas operações da América do Norte, ainda no primeiro semestre, e do Brasil na segunda metade do ano.
“O ritmo de plantio de milho nos Estados Unidos está em linha com a média histórica, e a taxa de aplicação de fertilizantes está em níveis robustos”, afirma a Nutrien em comentário sobre seus guidances.
Sobre o Brasil, a multinacional canadense ressalta que os produtores de soja já finalizaram a colheita e que as condições climáticas mais favoráveis vão resultar em um desempenho do milho de inverno melhor que o inicialmente esperado.
“A expectativa é de melhora nas margens para os produtores de soja em relação a 2023, o que deve dar suporte para uma ampliação de área e maior demanda por insumos a partir do segundo semestre”, diz a companhia.
O CEO da Nutrien, Ken Seitz, também demonstra otimismo com o restante de 2024. “Continuamos vendo uma demanda forte por insumos, uma normalização das margens em nossa divisão de distribuição nos Estados Unidos, e evolução contínua das exportações de potássio”, diz o executivo.
A Nutrien espera um Ebitda ajustado das operações de varejo entre US$ 1,65 bilhão e US$ 1,85 bilhão para todo o ano de 2024. No primeiro trimestre, este indicador ficou em US$ 77 milhões, saindo de um resultado negativo de US$ 34 milhões no mesmo período de 2023.