Mais uma assembleia de acionistas, resultado parecido. Este é o resumo de mais um capítulo do conflito entre a Ehs Capital, de Vladimir Timmerman, e os acionistas majoritários da Terra Santa Propriedades Agrícolas.
Nesta quarta-feira, 31 de janeiro, com representantes de mais de 85% do capital da companhia uma Assembleia Geral Extraordinária repetiu o roteiro de reuniões anteriores.
A primeira pauta proposta era o impedimento da participação de Silvio Tini e de sua holding Bonsucex, que detém mais de 45% do capital da Terra Santa PA, na própria AGE. O tema teve quase 90% de rejeição entre os participantes da reunião.
Com o mesmo índice de rejeição, os acionistas vetaram a perda de direitos políticos de Tini e da Bonsucex dentro da companhia.
A alegação do fundo Esh Theta, que detém participação minoritária na Terra Santa, era que Tini não cumpriu obrigações impostas pelo regulamento da Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM) da B3.
Segundo a gestora, Tini e Bonsucex não arcaram com custas e despesas que lhes cabem dentro da arbitragem pedida pela Esh. A gestora pedia inclusive um ressarcimento de R$ 27 mil que foram desembolsados para evitar a suspensão dos procedimentos na arbitragem.
No ano passado, a Esh tentou, também via assembleia de acionistas, suspender os direitos políticos de Tini e de outros acionistas relevantes da Terra Santa PA, questionando a avaliação das terras em uma operação de venda dos ativos agrícolas pela Terra Santa à SLC.
O negócio foi feito em 2021 e avaliado, à época, em mais de R$ 750 milhões. A questão dos valores das terras é que juntamente com a venda dos ativos agrícolas, foi fechado um contrato de arrendamento de terras da Terra Santa para a SLC, por um prazo de 20 anos.
A Esh afirma que os valores pagos pela SLC pelo arrendamento estão muito abaixo do praticado nas regiões onde ficam localizadas as propriedades. O valor corresponde a 17 sacas de soja por hectare.
Em entrevista concedida ao AgFeed em agosto, Timmerman alega que as terras chegam a valer 1.200 sacas por hectare. Segundo ele, se resolvesse vender 20% das terras, a Terra Santa sanaria suas dívidas.
No pregão desta quarta-feira, após a AGE, a ação da Terra Santa PA subiu quase 1%, cotada a R$ 16,15. Mas nos últimos meses, o papel tem sofrido com a dúvida dos investidores sobre a governança da companhia. Em seis meses, a Terra Santa perdeu um terço do seu valor de mercado, que está em R$ 1,5 bilhão.