Mais uma grande empresa do agro decidiu apostar no “doce momento” das cotações internacionais. Antes voltada ao etanol, a Cerradinho Bioenergia aprovou um investimento de R$ 289 milhões para construir uma fábrica de açúcar, anunciou a empresa.

A companhia projeta chegar a um mix de 42% de açúcar VHP (Very High Polarization), um tipo mais bruto do adoçante, a partir da primeira metade da safra 2024/2025, de acordo com o Fato Relevante, divulgado nesta sexta-feira.

A Cerradinho Bioenergia, empresa 100% voltada para a produção de etanol, demonstra uma mudança de estratégia em meio às recentes quedas do biocombustível e à valorização do açúcar no mercado internacional.

O VHP é um produto menos úmido, que conserva a camada de mel que recobre o cristal de açúcar.

A expectativa da Cerradinho é que a nova fábrica, em Chapadão do Céu, no estado de Goiás, entre em operação na safra 2024/2025 e tenha capacidade de produzir 30 mil sacos de 50% de açúcar por dia, o equivalente a 330 mil toneladas por safra.

Hoje 100% da cana moída pela empresa vai para a produção de etanol e, com o novo investimento, o açúcar ficará com 42%.

No último trimestre da safra 2022/2023, a Cerradinho registrou moagem de cana e milho para etanol de 1,13 milhão de toneladas, queda de 3,8% em relação ao mesmo período da safra anterior.

Em toda a safra encerrada ao final de junho, foram pouco mais de 8 milhões de toneladas, recuo de 2,8% na comparação com o período 2021/2022.

Na produção de etanol, o volume ficou praticamente estável na safra 2022/2023, em 678 mil metros cúbicos. No entanto, no último trimestre, houve uma queda de 18,7% em relação ao mesmo período da safra anterior, para 73 mil metros cúbicos.

A Cerradinho teve prejuízo de R$ 45 milhões no último trimestre de 2022/2023, e uma queda de 52,7% no lucro da safra inteira, que foi de R$ 242,8 milhões.

Em comentário, a companhia afirma que os subsídios de tributos federais para a gasolina deixaram o etanol menos competitivo. Mas projeta uma recuperação dos preços para a safra 2023/2024.

Outros grandes grupos do setor sucroenergético vêm anunciando investimentos em novas fábricas de açúcar recentemente, como a Jalles Machado e a Energética Santa Helena, conforme registrou o AgFeed.