O Banco do Brasil tem atuação historicamente forte no agronegócio, mas desde o fim do ano passado o setor ganhou ainda mais relevância nos resultados da instituição financeira, ultrapassando as pessoas físicas quando se trata de crédito.

O BB fechou o primeiro trimestre com uma carteira total de empréstimos de R$ 1,032 trilhão, com crescimento de 16,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Deste total, R$ 322,5 bilhões estão direcionados ao agronegócio, valor que cresceu 26,7% em 12 meses.

Em março de 2022, o crédito agro do BB somava R$ 254,6 bilhões, ante R$ 268,8 bilhões das pessoas físicas. Com o crescimento de 11,7% em um ano, a carteira para clientes do varejo fechou em R$ 300,1 bilhões.

Em 2008, o agro havia perdido o posto de maior tomador de crédito do BB para pessoas físicas e somente agora, após 15 anos, recupera a maior fatia da carteira do banco.

A tendência é que esta diferença aumente, já que a estratégia do Banco do Brasil é direcionar mais recursos para linhas de crédito menos arriscadas.

“O agronegócio tem registrado patamares historicamente baixos de inadimplência. E quando olhamos para o começo do ano passado, com ocorrência de secas, guerra na Ucrânia, em comparação com este ano, em que não há nenhum grande problema, as perspectivas são muito positivas”, afirma Francisco Lassalvia, vice-presidente de Negócios de Atacado do BB, que acumula a liderança da área de Agronegócios até a posse de Luiz Gustavo Lage, que já foi indicado para o cargo.

Lassalvia lembra que o agro é praticamente uma operação à parte na instituição. “Dentro do segmento estão inclusive pessoas físicas que estão ligadas ao agronegócio. Isso até reforça o bom momento do setor”, diz.

Os números justificam esta “virada” do agronegócio dentro da estratégia do BB. Os créditos em atraso maior que 90 dias representam, no total, 2,13% da carteira. No agronegócio, a inadimplência é de 0,59%, em nível estável na comparação com março de 2022.

Por isso, o BB projeta um crescimento do crédito do agronegócio entre 11% e 15% para este ano. No geral, o banco público espera crescimento entre 8% e 12% para seu saldo de crédito neste ano.

No total, durante o Plano Safra 2022/2023, o BB desembolsou R$ 148,4 bilhões, valor 30,3% maior que o liberado na safra anterior. Lassalvia afirma que ainda não está definido o orçamento para a próxima safra. “O que queremos é ter uma participação maior, mais condizente com a nossa atuação e com a demanda que temos”, afirma.

Houve crescimento de 49,8% no saldo de crédito para investimentos, e de 45,6% nas operações de custeio das lavouras.

Durante coletiva de imprensa para apresentar os resultados do primeiro trimestre, a presidente do BB, Terciana Medeiros, comentou a participação na Agrishow.

“Tínhamos a expectativa de capturar R$ 1,5 bilhão em intenção de negócios na Agrishow. Conseguimos R$ 3 bilhões, e estamos aguardando a verificação das contrapartidas comerciais para finalizar as operações”, disse Medeiros.

Pronaf e sustentabilidade

Uma das prioridades do Banco do Brasil, segundo a presidente, é o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf. Utilizando recursos do BNDES, a linha representa quase 70% da carteira de agronegócios do banco.

“Nesta linha, também queremos uma participação mais adequada à nossa atuação, inclusive para impulsionar o Pronaf Mulher”, diz Medeiros. Os desembolsos para agricultura familiar cresceram 38% no primeiro trimestre, e o saldo chegou a R$ 58,4 bilhões.

O Pronaf faz parte inclusive de um programa de financiamento à agricultura sustentável do BB. Segundo o banco, quase metade da carteira está direcionada para este fim. Em março, o saldo era de R$ 150,4 bilhões, com crescimento de 22,6% em um ano.