O Grupo São Martinho fechou a safra 2022/23 com um sabor doce de superação em um ano complexo para o setor sucroenergético. Na carta financeira de divulgação dos resultados divulgada na noite da segunda-feira 19 de junho, a empresa celebrou o que chamou de “resultado robusto” e destacou o crescimento de 6,8% do lucro antes das taxas e depreciações, indicador conhecido como EBITDA, que fechou em R$ 3,3 bilhões no período de 12 meses até 31 de março passado.
“A safra 2022/2023 foi impactada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia que, sequencialmente a uma pandemia, provocou o aumento dos preços de defensivos e fertilizantes, importantes itens de custo em nossas operações”, afirma o documento protocolado após o fechamento do pregão da B3.
A receita líquida da companhia cresceu mais de 15%, chegando a R$ 6,6 bilhões, mas o impacto de custos maiores fez com que o lucro caixa tenha retrocedido em proporção semelhante, ficando em R$ 1,2 bilhão, contra R$ 1,52 bilhão na safra anterior. Já no lucro líquido o recuo foi maior, de 31%, fechando em R$ 1,01 bilhão.
Segundo a empresa os canaviais “ainda sentiram os efeitos remanescentes das condições climáticas adversas dos últimos anos, marcados por secas e geadas, com impacto sobre nossa produtividade e, na receita, o etanol teve sua competitividade reduzida a partir de julho de 2022, quando passou a vigorar a redução da carga tributária sobre a gasolina no Brasil”.
Segundo a carta financeira, um dos pontos relevantes na estratégia nesse período foi deslocar parte da produção de etanol do mercado interno para o externo, aproveitando uma janela de oportunidade para exportações do produto.
A evolução dos preços de açúcar ao longo da safra também teve peso importante no resultado, com a preservação das margens acima da faixa de 50%.
Para a próxima safra, analistas acreditam que os efeitos do evento climático El Niño podem afetar a produção de cana em várias regiões do mundo, provocando altas nas cotações do açúcar e, com isso, das receitas da São Martinho. Um relatório recente do Bank of America, por exemplo, estima que o EBITDA na próxima safra pode ficar acima de R$ 3,8 bilhões.