Os mercados de carnes de aves e suínos têm sido fontes frequentes de boas notícias para a JBS. A mais recente foi dada nesta quarta-feira, 16 de outubro, pela agência de classificação de risco de crédito S&P Global.

A empresa anunciou uma revisão na perspectiva para a companhia brasileira de alimentos, que passou de "negativa" para "estável", além de reafirmar o rating "BBB-", que significa que a empresa tem grau de investimento, indicando baixo risco de calote.

O movimento teve contribuição, segundo o relatório da S&P, das margens ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recordes nas operações de carnes de porcos e frangos da companhia da família Batista.

No segundo trimestre deste ano, a margem ebitda da JBS como um todo foi de 9,8%, praticamente o dobro do mesmo período do ano passado, quando havia sido de 5%.

Na ocasião, o ebitda ajustado de operações de suínos e aves da JBS, como Seara, JBS USA Pork e Pilgrim's Pride, subiu 381%, 224,4% e 119,7%, respectivamente.

Para a Seara, a S&P espera uma margem ebtida próxima a 15% neste ano, percentual bastante semelhante ao esperado para a Pilgrim's Pride, de 15,5%, e para USA Pork, de 12,5%.

O desempenho nessas duas áreas compensa o fraco resultado do ebtida esperado para a unidade de carne bovina da JBS nos Estados Unidos, na avaliação da S&P.

“Estimamos que a maior unidade de carne bovina dos EUA da empresa, responsável por 31% da receita líquida, não contribuirá com ebtida em 2024 e na maior parte de 2025. Isso ocorre apesar de as margens se recuperarem para cerca de 9% em uma base consolidada, saindo de 4,7% em 2023, graças ao desempenho operacional recorde da Pilgrims Pride, da operação de carne suína nos Estados Unidos e Seara, e uma recuperação da JBS Brasil, Austrália e Europa.”

Nos dados mais recentes, do segundo trimestre deste ano, o ebitda ajustado da JBS Beef North America recuou 65,1% na comparação anual, a R$ 151 milhões.

A S&P destacou ainda que a alavancagem da empresa da família Batista recuou "significativamente nos últimos dois trimestres" e deve terminar 2024 em 2,5x, na estimativa da agência.

No último trimestre de 2023, para efeito de comparação, a JBS havia encerrado com uma alavancagem em reais de 4,32x e, em dólares, de 4,42x.

"A perspectiva estável reflete nossa crença de que a alavancagem permanecerá abaixo de 3x ao longo dos ciclos da indústria, apesar de possíveis dividendos mais altos, despesas de capital (capex) ou aquisições, graças ao compromisso da administração com o controle da dívida e às operações diversificadas e eficientes da empresa", afirma a S&P.

A agência disse também que continua considerando como forte o perfil de risco da companhia, devido à “grande escala e diversificação”, tanto geograficamente quanto em proteínas.

“Em 2024, observamos que a diversificação da JBS desempenhou um papel importante na mitigação das fraquezas do setor, sustentando as margens apesar da volatilidade inerente ao seu negócio de commodities”, escreveu a S&P.

Depois de amargar um prejuízo de R$ 1,061 bilhão no acumulado dos resultados de 2023, a companhia foi se recuperando. No segundo trimestre deste ano, por exemplo, a JBS alcançou uma receita recorde de R$ 100,6 bilhões e lucro líquido de R$ 1,7 bilhão.

Para a S&P, o momento ruim parece ter ficado mesmo no passado. "Acreditamos que o enfraquecimento do desempenho comercial em proteínas e geografias, principalmente em 2023, foi uma consequência rara do excesso de oferta de carne e dos custos inflacionários, que pressionaram as margens, mas não devem se repetir", escreveu a S&P.

A perspectiva da agência de rating se soma à percepção do Santander que, na semana passada, publicou um relatório em que via resultados "potencialmente fortes" para os frigoríficos brasileiros no terceiro trimestre, com destaque para JBS.

“Permanecemos otimistas em relação ao momento positivo dos lucros da JBS”, escreveu o Santander.

Os papeis da empresa foram mantidos pelo banco como “outperform”, ou seja, tendem a se valorizar em 51%, com o preço-alvo de R$ 49 por ação.

Por volta das 15h30 desta quarta-feira, dia 16 de outubro, as ações da companhia na B3 avançavam 1,76%, cotadas a R$ 34,16, ante R$ 33,57 no pregão anterior.