A Ultra Clean já existe há 27 anos no Brasil e, por aqui, é uma empresa familiar. Lá fora, a Ultra Clean Technologies possui capital aberto na Nasdaq, a Bolsa de tecnologia dos EUA. No comando das operações brasileiras desde o dia um está Osiris Rocha, pai de Bruno Ract, atual diretor de marketing da companhia.

Os próximos anos da empresa serão marcados por uma transição no comando, já que Bruno, está sendo preparado para cada vez mais estar à frente da gestão da empresa que atua com uma tecnologia de limpeza e descontaminação de tubos, tubulações e mangueiras.

Junto de Ract, um olhar especial ao agro deve moldar os próximos anos da empresa, num claro exemplo de como os impactos do campo se estendem aos mais diversos setores da economia, muitas vezes de forma quase invisível. Dentro de seu portfólio, a Ultra Clean tem produtos que ajudam na manutenção de máquinas agrícolas – e o sucessor da empresa brasileira já percebeu que há bons negócios à vista nesse universo.

“Nos próximos anos, a maior parte do nosso orçamento de marketing será direcionado ao agro. Estamos dando bastante foco para esse mercado”, comenta Bruno Ract.

A Ultraclean Brasil é a distribuidora exclusiva da companhia americana por aqui, além de responsável pelo atendimento a todos os clientes na América do Sul.

Dentre os produtos da marca, a tecnologia UC System é a que mais dialoga com o agro. O produto serve para limpar a estrutura interna de uma mangueira hidráulica, o que, segundo o diretor, diminui de forma significativa os custos com manutenção dos equipamentos.

Nos cálculos de Ract, a troca de óleo passa a ser 50% menor com o uso da solução, o que acaba dobrando o número de horas que uma máquina é capaz de trabalhar.

A tecnologia é uma patente da Ultra Clean, e de acordo com ele, é “como se fosse a fórmula da Coca Cola, fechada à sete chaves”.

Além da mangueira, que está presente em tratores, plantadeiras, pulverizadores, colheitadeiras e outros tipos de máquina, o produto pode ser usado nas bombas hidráulicas das mesmas. Nesse caso, a ausência de contaminação pode triplicar a vida útil da bomba.

“Se pegarmos uma colheitadeira sofisticada, essa bomba custa entre R$ 120 mil e R$ 150 mil”, explica. “Os dados da Ultra Clean com a Caterpillar lá nos EUA mostram que 80% das falhas de um sistema hidráulico são causadas por contaminação”, argumenta.

Assim, numa analogia aos defensivos na lavoura, a Ultra Clean atuaria, segundo Ract, para eliminar as “pragas das máquinas agrícolas”. O executivo diz que a própria fabricação das mangueiras já envolve contaminação, o que indicaria a necessidade de uma aplicação já no primeiro uso.

A aposta da empresa é que a redução de custos com manutenção podem ajudar a aumentar a produtividade de uma fazenda, já que reduzem o tempo ocioso e as paradas não programadas das máquinas.

Outra vantagem é um aumento da margem desse produtor, já que sobraria mais dinheiro para reinvestimentos, compra de novas terras e outros produtos que são usados ao longo do processo produtivo.

Dentro do portfólio, a Ultra Clean Brasil atende o agro também com um produto de lacre, que é usado na proteção dos terminais das mangueiras, e com o respirador, que serve para tanques de armazenamento de combustível.

Para além do dia a dia das fazendas e das máquinas, a Ultra Clean atende à indústria, com equipamentos que limpam tubulações de inox. Dentre essas, os frigoríficos e indústrias de cana são clientes.

Bruno Ract vê ainda uma contribuição ambiental com o produto. Ele considera, por exemplo, que, com a necessidade de menos trocas de uma bomba ou mangueira, a produçã,o dessas diminui, o que faz a emissão de gases poluentes diminuir.

“As grandes fazendas já trabalham com metas ESG a cumprir e quando falamos de indústrias do agro, nossa tecnologia eduz em 50% a água usada nas limpezas de tubulações”, acrescenta.

Nos quase 30 anos da empresa do Brasil, Ract afirma que já passaram mais de 1,4 mil clientes. Dentre esses, grandes players do agro e da indpustria de alimentos como BRF, Bauducco, Pepsico, Heinz, Bayer, Basf, Seara e diversas companhias fabricantes de máquinas como CNH, CAT, Mercedes, Jacto e Volvo.

Ract está na companhia oficialmente desde 2010. Antes disso, havia trabalhado, ainda adolescente com 16 anos, numa espécie de estágio. Depois disso foi estudar, formou-se em administração de empresas e em marketing e atuou no mercado. Votou para a empresa há 13 anos a convite do pai, para ajudar a estruturar um projeto de branding.

“De lá para cá passei a conhecer a empresa como um todo, como a parte comercial de vendas, estruturas, patentes”, diz.

Nos próximos três anos ele afirma que vai entrar num processo de complementar a gestão junto com o pai, até a substituição de fato ocorrer.

Mesmo deixando a diretoria geral, Ract garante que o pai ainda continuará no negócio, mas de outra forma, como no conselho, por exemplo.

Até lá, ele afirma ter projetos ainda inacabados, “principalmente o projeto de agro”, que ele diz ser o principal da Ultra Clean hoje.

Ract é um entusiasta do setor e afirma que “sempre bateu na tecla do agro”, pela força do mercado e pelos avanços significativos do segmento, que, segundo ele, deve crescer de forma muito forte pelo menos até 2030.