“Foi bom pra nós abraçar o agro. E o agro nos abraçou”. Foi assim que o diretor de relações institucionais da Genyx, Bruno Catta Preta, definiu os primeiros meses de atuação no segmento.

A empresa atua na importação e distribuição de equipamentos de energia solar desde 2011, mas a divisão agro só foi criada no começo de 2023. Mesmo com pouco tempo de casa, porém, o faturamento da Genyx Agro já atinge os 30% do total da companhia.

Segundo o diretor, esse percentual “pode passar da metade do faturamento em pouco tempo”, pelo crescimento visto internamente e pela importância que o tema da energia solar e das energias renováveis tem ganhado no interior do País.

Catta Preta, que divide a atuação na Genyx com o posto de diretor da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) em Minas Gerais, disse que a ideia de estruturar um departamento focado no agro surgiu de uma oportunidade de mercado.

Segundo ele, além da relevância crescente do agro na economia e na composição do PIB, a empresa percebeu uma propensão maior dos produtores rurais a investir em maquinários e novas tecnologias. E esses investimentos acontecem, segundo o diretor, pois o setor sempre “teve uma oferta de crédito diferenciada”.

“Vemos fazendeiros acostumados a comprar maquinários de R$ 1,5 milhão, mais R$ 1 milhão em adubos e, quando entra um projeto de energia solar de um valor próximo, ele enxerga o retorno desse investimento com mais velocidade que um dono de uma casa na cidade”, afirma Catta Preta.

O investimento feito por um produtor de médio porte, que é maioria na clientela da Genyx, pode variar de R$ 800 mil até R$ 3 milhões, segundo o diretor. Esses projetos englobam usinas fotovoltaicas de 300 quilowatts (kw) até 1 megawatts (mw) de potência.

Ele explica que cada módulo instalado numa usina tem a capacidade de gerar 50kw por mês. Com isso, 10 módulos podem ser suficientes para manter uma bateria simples por 3 a 5 dias.

“O produtor é sempre meio desconfiado, então ele costuma comprar o serviço para uma parte da fazenda, como a sede, por exemplo. Passados alguns meses, ele vê a redução da conta de luz, passa a pagar apenas a tarifa mínima e, com essa comprovação, instala a energia solar na fazenda toda”, conta o diretor.

O uso nas fazendas é variado, segundo Catta Preta. Ele conta que o parque solar pode contribuir tanto com bombeamento de água para o gado, ventilação de aviários, ordenha, resfriamento de leite, cercamento de proteção de rebanho e até secagem e armazenamento. “A energia serve para suprir tudo que ele já fazia, mas com uma conta menor”.

O serviço permite que o produtor se proteja de eventos de falta de energia ou então que economize em momentos de tarifa mais alta. Além disso, o executivo vê que o uso de energia solar pode ajudar as empresas a apresentarem “selos verdes” e aumentarem a gama de boas práticas, o que segundo ele, pode ainda valorizar o produto final.

Ele conta que, para além de usar a energia solar para a própria fazenda, muitos produtores estão tratando esse serviço como investimento e montando usinas para vender energia para vizinhos. “Ele já tem o espaço e o recurso natural e acaba investindo para diversificar o próprio business”, diz.

Para expandir ainda mais essa atuação no agro, a Genyx está reforçando a equipe comercial, a fim de ter um desses integradores em todos os estados com forte produção agropecuária. Fora de Minas Gerais, que é o estado sede da Genyx e de maior mercado, atualmente já existem representantes no Mato Grosso, Goiás, Ceará e Espírito Santo.

A Genyx não vende diretamente para o produtor e sim por meio de “empresas integradoras”. Na divisão agro, são empresas que já são parceiras ou conhecidas dos produtores e muitas vezes atuam em outras partes da cadeia, como na revenda. Esses parceiros atuam em conjunto com sindicatos rurais locais.

Bruno Catta Preta, diretor de relações institucionais da Genyx

Além dos serviços de energia fotovoltaica, a empresa também atende o agro por meio do seu banco próprio. A instituição financeira atua com linhas de crédito rural como a Finame, o MDA/Pronaf, bem como linhas do Banco do Brasil, Banco do Nordeste e por consórcios.

Catta Preta considera o banco Genyx uma “grata surpresa”. Criado há dois anos, já possui correntistas em todo o país. “A turma do agro está aproveitando, já que atuamos com produtos específicos para esse público, e nunca tivemos inadimplência”, conta o diretor.

A avaliação de crédito é feita pela própria Genyx, que já tem o perfil dos clientes em seu banco de dados. Mesmo que o banco próprio dê a opção de parcelamento do pagamento dos produtos, Catta Preta conta que a maior parte dos clientes agro pagam o investimento à vista.

Cerca de 40% do faturamento da empresa acontece pelo financiamento – dentro desse valor, 7% é do agro. “O produtor rural não quer ficar devendo nada para ninguém e isso se repete na energia solar. Ele compra o equipamento, nossos parceiros entregam e instalam, ele paga e acabou”, afirma o diretor.

Ele afirma que o retorno sobre o investimento é sentido, geralmente, em três meses.

Além da cadeia do agro e dos produtores, a empresa já vislumbra voos mais altos em agendas ESG no futuro.

Até 2025, ano que o Pará sediará a conferência do clima COP 30, a expectativa é de ganhar mercado no estado. Já existe um decreto por lá que todo o evento será alimentado por energia renovável, e a mais rápida de instalar e mais barata é a solar. A demanda no Pará a partir do ano que vem será gigantesca”, prevê Bruno Catta Preta.