Quando se fala de grãos, é unanimidade ouvir dos produtores os problemas provocados pela baixa nos preços das commodities, tanto no Brasil quanto no exterior. Para a Suzano, gigante da produção de celulose, o cenário não é muito diferente.

Além de ter registrado queda no volume de vendas de celulose no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2022, o preço líquido médio do produto em dólar recuou 33% no mesmo período.

Esse é um dos fatores que levou a companhia de um lucro líquido de R$ 5 bilhões no ano passado para prejuízo de quase R$ 730 milhões entre julho e setembro deste ano.

Mesmo assim, a Suzano anunciou, juntamente com seu balanço, investimentos em três novos projetos que somam R$ 1,1 bilhão.

O maior deles será na construção de uma nova caldeira de biomassa na fábrica de Aracruz, no Espírito Santo. A Suzano estima um valor de R$ 520 milhões para substituir a caldeira que atualmente produz biomassa na unidade. O novo equipamento deve entrar em operação no quarto trimestre de 2025.

O maior projeto envolve a construção de uma nova fábrica de papel sanitário, conhecido como tissue. A unidade também vai converter papel higiênico e papel toalha, e ficará localizada também em Aracruz.

A capacidade da nova fábrica será de 60 mil toneladas por ano, com investimento total estimado em R$ 650 milhões.

No entanto, o desembolso efetivo da empresa neste projeto está calculado em R$ 130 milhões. Isso porque a Suzano pretende utilizar saldos de crédito de ICMS que possui no Espírito Santo para cobrir a maior parte do valor. A fábrica deve entrar em operação no começo de 2026.

Outro investimento anunciado pela Suzano será na conversão de uma máquina de secagem de celulose localizada em Limeira, no interior de São Paulo, em uma unidade de produção de celulose tipo fluff a partir da madeira de eucalipto, que a companhia chama de Eucafluf.

O Eucafluff tem um aspecto parecido com o do algodão, e é utilizado na produção de fraldas, absorventes femininos e tapetes higiênicos para pets, por exemplo.

A Suzano vai aportar R$ 490 milhões na unidade de produção deste tipo de celulose, que terá capacidade nominal de 340 mil toneladas por ano.

Esta conversão vai impulsionar de forma significativa a capacidade de produção de fluff pela companhia, que passará para 440 mil toneladas por ano a partir de 2025, quando o investimento deve ser concluído.

O preço líquido médio da celulose vendida pela Suzano no terceiro trimestre de 2023 ficou em US$ 544 a tonelada. No mercado externo, o valor médio por tonelada foi de US$ 547.

Em reais, o preço de venda médio foi de R$ 2.657 por tonelada, uma queda anual de 38%, e recuo de 6% ante o segundo trimestre deste ano. Segundo a companhia, as reduções seguem o cenário do mercado na Europa e na China.

Com isso, as receitas da Suzano com celulose caíram 45% em um ano, e 7% em três meses, para R$ 6,6 bilhões.

No papel, que tem uma participação menor nos resultados da companhia, as vendas ficaram estáveis na comparação anual, e subiram 12% em relação ao segundo trimestre, resultado impulsionado pelo mercado externo.

As receitas com papel subiram 3% em 12 meses, e 14% em três meses, para R$ 2,343 bilhões. Neste indicador, o mercado interno foi o responsável pelo avanço, tanto anual quanto trimestral.

Klabin

Ainda no segmento de Celulose e Papel, a Klabin, que tem a maior parte de suas receitas originadas das vendas de papéis e embalagens, conseguiu ter lucro no terceiro trimestre, mas com uma queda expressiva.

Os ganhos somaram R$ 245 milhões, queda de 88% na comparação com o terceiro trimestre de 2022, e de 75% na comparação com o período imediatamente anterior.

O volume de vendas subiu 13% em um ano, e caiu 5% no trimestre. As receitas tiveram resultados piores, atribuídos pela Klabin principalmente ao câmbio. Houve crescimento de 3% em três meses, e queda de 20% em um ano.

Nos papéis, as receitas caíram 25% em 12 meses, e 6% na comparação com o segundo trimestre.

O desempenho foi puxado pela categoria conhecida como containerboard, que serve para fabricar caixas que servem para transporte de produtos. Nesta categoria, houve quedas de 53% e 11% nas receitas, em um ano e no trimestre.