Sem muito alarde, a Caramuru Alimentos promoveu, no final do ano, mudanças em cargos-chave na companhia. Segundo ata de reunião enviada nesta quinta-feira, 2 de janeiro, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), datado de 20 de dezembro, o conselho de Administração da empresa aceitou a renúncia do diretor-presidente, Júlio César da Costa, e do diretor de Logística e Porto, Antônio Ismael Ballan.
Para a vaga de Costa, Marcus Erich Thieme, atual diretor Financeiro e de Relações com Investidores, ocupará o cargo. Na diretoria de Logística e Porto assume Cristiano Gonçalves Faria, gerente de Operações Logística Commodities. Ambos ocuparão interinamente os cargos. A Caramuru informou apenas que eles tomarão posse em até 30 dias e permanecerão nas funções até maio de 2025, quando venceriam os mandatos dos ex-ocupantes.
No comunicado, a empresa informa ainda que o valor global anual da remuneração dos diretores eleitos será de R$ 1.231.956,00. Procurada no início da noite desta quinta-feira, a Caramuru informou que só se manifesta via fatos relevantes e comunicados na CVM..
Marcus Thieme é formado em economia pela Universidade Mackenzie, possui especialização em economia aplicada em mercados financeiros pela FIPE/FEA e cursou MBA (exceto dissertação/diploma) pela Saint Mary’s University em Halifax, no Canadá.
Thieme tem carreira em bancos, como o canadense RBC, além de BTG e Citi, passou por empresas nacionais como a construtora Tenda e a Vale, e por companhias do agronegócio. Entre 2011 e 2017, foi diretor de RI e de Novos Negócios na Tereos e participou do crescimento do grupo francês do setor sucroenergético e de amido no Brasil.
Em seguida, atuou no processo de abertura de capital da Bunge Energia, entre 2018 e 2019 e desde janeiro de 2021 está na Caramuru, primeiro como diretor de RI e, desde novembro passado, também como diretor financeiro. Já Cristiano Faria trabalha há 21 anos no setor de logística da Caramuru.
Fundada há 60 anos a Caramuru é uma das gigantes do agronegócio brasileiro, com operações de armazenamento, logística, industrialização de soja, milho, girassol e canola para a extração e o refino de óleos, produção de biodiesel, etanol e lecitina de soja e glicerina refinada. Atua nos estados do Amapá, Goiás, Pará, Paraná, Mato Grosso e São Paulo.
A companhia também exporta de soja em grãos, farelo, óleo, lecitina e proteína concentrada de soja (SPC) com operação nos portos de Santos (SP) e Santana (AP), em ferrovias (Terminal Rodoferroviário de São Simão) e nas Hidrovias Tietê-Paraná e Tapajós-Amazonas.
A Caramuru atua no mercado brasileiro com a marca Sinhá de produtos como azeites, óleos especiais, farináceos, pipocas, farofas, condimentos, cereais e proteínas texturizadas de soja. Fornece ainda matéria-prima para fabricantes de massas, biscoitos, snacks, corn flakes e outros segmentos, como cervejarias, mineradoras e indústria de ração.
No último relatório anual de resultados disponível, divulgado em abril, a companhia relatou faturamento de R$ 7,59 bilhões em receita em 2023, queda de 12% sobre 2022. O Ebitda ajustado foi de R$ 489,65 milhões, recuo de 23,4% na comparação anual, e o lucro líquido foi de R$ 239,86 milhões em 2023, queda de 31,2% ante 2022.
A dívida líquida, no entanto, recuou 31% entre os períodos, para R$ 1,049 bilhão, com uma relação dívida líquida/Ebitda de 2,14 vezes.