Na Boa Safra, empresa que produz sementes de soja, milho e trigo, a palavra da vez é expansão.
Poucos dias após anunciar que comprou um terreno na cidade de Ribeirão Cascalheira (MT) para construir mais um centro de distribuição de seus produtos, a companhia comunicou ao mercado que pretende realizar uma oferta de ações na Bolsa.
A emissão de ações no mercado funciona para as empresas como uma forma de se capitalizar, seja para financiar novos projetos, investimentos ou para melhorar seu caixa.
De acordo com o comunicado, o dinheiro obtido com a oferta será usado justamente na expansão do negócio de armazenamento, criando novas unidades de beneficiamento de sementes (UBS) e centros de distribuição (CD).
A ideia, segundo a Boa Safra, é aumentar a capacidade instalada total de sementes de soja, sua e de suas controladas, e também a capacidade de tolling, a operação estruturada e verticalizada de sementes de milho.
Serão oferecidas inicialmente 11,5 milhões de novas ações na Bolsa. Se houver demanda, o montante pode dobrar, chegando aos 23 milhões de papeis emitidos.
O preço de cada nova ação só será definido após o processo de coleta de indicações e interesses e pedidos de compra de investidores durante a emissão, processo conhecido como Bookbuilding.
Essa coleta deve acontecer, segundo o cronograma da oferta, de hoje até dia 18 próximo. Levando em consideração a cotação do fechamento do pregão da terça-feira, dia 9, quando o papel valia R$ 17,40, 11,5 milhões de novos papéis trariam, nesse cenário, cerca de R$ 200 milhões para a empresa.
Se os investidores mostrarem apetite e a empresa emitir os 23 milhões de papéis, a oferta, nesse caso, somaria R$ 400 milhões à companhia.
Nesta quinta, por volta das 15h30, as ações da Boa Safra negociadas na B3 recuavam 0,71%, sendo cotadas a R$ 16,78. Mais cedo, a ação chegou a recuar quase 2%. No acumulado do ano, contudo, registra alta de 5,45%.
Ainda de acordo com o comunicado, os acionistas controladores Marino Stefani Colpo e Camila Stefani Colpo Kochse, que juntos possuem pouco mais de 60% do negócio, se comprometeram a investir R$ 90 milhões na oferta.
Além deles, a gestora HIX Investimentos, que atualmente é dona de 6,2% da Boa Safra, se comprometeu a comprar mais R$ 30 milhões em papeis. Ambas as compras estão condicionadas a um preço por ação igual ou menor a R$ 18.
A oferta de ações será realizada sob a coordenação do BTG, como líder, além de XP, Bradesco BBI, Citigroup e Santander como demais coordenadores.
A Boa Safra vive um bom momento. Seu balanço de 2023, divulgado no início de março, registrou receita recorde de R$ 2 bilhões, com um aumento de 45% no lucro líquido ajustado.
"É o melhor ano da nossa história, porque, mesmo com o preço da semente pura mais baixo, nosso mix de venda foi de produtos de maior valor agregado", afirmou Marino Colpo, CEO da empresa, ao AgFeed, logo após a Boa Safra divulgar os números.
Com isso, a previsão é de investir na expansão das operações. A área plantada, por exemplo, deve saltar de 144 mil hectares para 225 mil hectares.