Há alguns meses, já é praticamente consenso entre especialistas e analistas que o ano de 2023 foi bastante difícil para o agronegócio como um todo. Especialmente para as companhias que atuam na distribuição de insumos agrícolas.

Algumas gigantes globais desse segmento e outras companhias brasileiras, como a 3tentos, já divulgaram números de 2023 que confirmam essa percepção. Com a multinacional canadense Nutrien, a apresentação dos números seguiu o mesmo roteiro.

Muitas vezes, o lucro líquido de uma indústria ou de uma varejista não reflete exatamente seu momento operacional. No caso da Nutrien, a última linha do balanço reflete uma piora nas vendas e nas margens.

No quarto trimestre de 2023, as vendas da companhia caíram 25% em relação ao mesmo período de 2022, ficando em US$ 5,6 bilhões. No ano, o recuo foi de 23%, para US$ 29 bilhões.

A margem bruta conseguida pela Nutrien, depois de descontados os custos dos produtos vendidos, caiu quase 40% entre outubro e dezembro do ano passado, para menos de US$ 1,8 bilhão. No ano, o recuo foi ainda pior, de 45%.

Isso depois que a companhia conseguiu diminuir os custos dos produtos vendidos. No trimestre, a queda foi de 17%, e em todo o ano de 2023, houve recuo de 9%.

Assim, o lucro líquido da Nutrien no quarto trimestre despencou quase 85% em relação ao apresentado um ano antes, para US$ 176 milhões. No ano, a queda foi parecida, de 83%, para US$ 1,3 bilhão.

Para se ter uma noção do impacto do resultado para os acionistas da Nutrien, que negocia ações na Bolsa de Nova York, o lucro por ação do último trimestre passou de US$ 2,15 em 2022 para US$ 0,35 em 2023. No acumulado do ano, o valor passou de US$ 14,18 para US$ 2,53.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado caiu pela metade tanto no trimestre quanto no ano, para US$ 1 bilhão e US$ 6 bilhões, respectivamente.

“O recuo nos lucros e no Ebitda ajustado, tanto no trimestre quanto no ano de 2023, se deve principalmente à queda nos preços líquidos de vendas em todos os segmentos, e ao menor lucro no varejo”, diz a Nutrien em comentário que acompanha os números.

No detalhamento das vendas, é possível verificar que os piores resultados em vendas para a Nutrien no trimestre ficaram com fertilizantes e sementes, com quedas de 22% e 20%, respectivamente, quando se trata de faturamento.

Nas margens, as maiores quedas ficaram com defensivos e sementes, que recuaram 19% e 22%, respectivamente.

Chama atenção também a piora no faturamento com potássio e nitrogênio, dois importantes insumos para fertilizantes.

O Ebitda ajustado com potássio caiu 52% no quarto trimestre de 2023 na comparação anual. No nitrogênio, o recuo do indicador de lucro operacional foi de 54% no período.

2024 com leve melhora

Depois de um 2023 bastante difícil, a Nutrien projeta uma melhora em 2024 em alguns indicadores, especialmente no Ebitda ajustado da operação de varejo.

A companhia espera atingir um valor entre US$ 1,65 bilhão e US$ 1,85 bilhão. Se ficar no meio do caminho, em US$ 1,75 bilhão, o indicador apresentará crescimento de 17% neste ano.

As vendas de nitrogênio também devem melhorar em 2024. A Nutrien projeta um volume entre 10,6 milhões de toneladas e 11,2 milhões de toneladas. Se atingir a mediana dessa projeção, o crescimento será de quase 5%.

Em potássio, a companhia espera um volume entre 13 milhões e 13,8 milhões de toneladas, muito próximo do realizado em 2023, que foi de 13,2 milhões de toneladas. O cenário é parecido em fosfato, com projeção de intervalo entre 2,6 milhões e 2,8 milhões de toneladas, ante 2,6 milhões de toneladas vendidos no ano passado.