No dicionário, a palavra roça é identificada como pequena propriedade agrícola onde se cultivam frutas, hortaliças e até alguns tipos de grãos, geralmente aqueles mais comuns na mesa do brasileiro, como arroz e feijão.

Cláudia Ligório, CEO e fundadora da plataforma Fazendinha em Casa, diz que cresceu na roça, onde seus avós trabalhavam. Mas ela também conviveu muito com a realidade do varejo, já que seu pai foi dono de diversos mercadinhos no interior de Minas Gerais.

A empresária juntou esses dois lados de sua origem para montar o market place que liga pequenos produtores agrícolas e fabricantes de alimentos e insumos com a área urbana, mais especificamente com os mercados e restaurantes da região metropolitana de Belo Horizonte, atendendo consumidores da capital mineira e de outras sete grandes cidades.

“Em 2016, quando surgiu a ideia, percebi que os pequenos produtores praticamente não tinham acesso ao varejo. Começamos a vender direto para os consumidores, com plataformas abertas”, conta Ligório.

As restrições de circulação causadas pela pandemia de Covid-19 mudaram o patamar da empresa, que ainda procurava se encontrar. “Com a demanda repentina por alimentos vendidos online, nosso faturamento aumentou 10 vezes de uma semana para outra”, conta.

A partir daí, a Fazendinha em Casa recebeu um investimento-anjo de R$ 300 mil, apoiada pela Federaminas Ventures, fundo da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais.

“O dinheiro foi todo aplicado em tecnologia. Nós montamos uma plataforma autoral, além de toda uma estrutura de venda e de logística”, diz a fundadora da empresa.

Em 2023, a Fazendinha em Casa vendeu um total de R$ 1,5 milhão, cinco vezes mais que o realizado em 2022. E os planos para 2024 são ambiciosos.

A CEO afirma que o plano é crescer 10 vezes neste ano, ou seja, chegar a R$ 15 milhões em produtos vendidos na plataforma, que conta com cerca de 100 parceiros vendedores, e uma lista de 300 empresas que já compraram na Fazendinha em Casa, além dos consumidores finais. “Destes 300, 150 compram de forma mais regular”, diz Ligório.

Para fazer a empresa crescer neste nível, a CEO já prepara alguns movimentos para os próximos meses.

Um deles é abrir a primeira rodada de investimentos da Fazendinha em Casa. “Nós temos algumas opções em relação ao modelo de aporte que podemos receber. Pode ser que não venha só em forma de recursos, mas também envolver acesso a novos parceiros, por exemplo”, conta.

Outro passo importante da Fazendinha em Casa é montar sua primeira estrutura de distribuição fora de Minas Gerais. Segundo a CEO, o plano é ter um Centro de Distribuição em São Paulo.

“Nós já estamos em Uberlândia, onde atendemos 14 mercadinhos, e que serviu como uma espécie de teste para saber como nos sairíamos fora de Belo Horizonte. Tem dado muito certo, e agora estamos preparando essa chegada em São Paulo, onde vamos alugar um espaço para centralizar a distribuição dos produtos locais”.

O crescimento passa também pela busca de novos parceiros, como a produtora de ovos Planalto, de Uberlândia, e a fabricante de bebidas probióticas AGE, que fecharam recentemente com a plataforma.

Quando questionada sobre a ampliação da lista de parceiros, Ligório afirma que o foco não está na quantidade de marcas e itens.

“Nós já vendemos 27 mil itens desde 2021, e o portfólio atual tem mais de 2 mil opções. Nosso foco agora está na qualidade dos nossos parceiros. No encaixe que eles têm com a ideia da plataforma, e como os produtos atendem aos consumidores e as empresas que compram conosco”.