Depois de registrar um terceiro trimestre com um tombo de 68% no lucro líquido em relação ao mesmo período de 2023, a Klabin (KLBN11) parece ter retomado o fôlego na reta final de 2024.

A divulgação dos resultados do quarto trimestre do ano, nesta quarta-feira, 26 de fevereiro, apontou crescimento de 47% no lucro líquido da companhia em relação ao mesmo período do ano retrasado, chegando a R$ 543 milhões.

No acumulado do ano, no entanto, o lucro líquido ficou em R$ 2,04 bilhões, queda de 28% em relação aos R$ 2,84 bilhões registrados em 2023.

O endividamento líquido da companhia no quarto trimestre aumentou 65% e ficou em R$ 33,3 milhões ante R$ 20,2 milhões do quarto trimestre de 2023. A alavancagem chegou a 4,5x dívida líquida/Ebitda.

No release de resultados, a mensagem inicial indica “o encerramento de um ano com entrega de resultados sólidos em todos os negócios e avanço no ciclo de “colheita” dos investimentos realizados nos últimos anos pela Companhia”.

Os resultados da companhia repercutiram de forma distinta no mercado. Ao longo do dia, os papéis da companhia na bolsa eram cotados a R$ 20,33 na tarde de hoje, queda de 2,4% em relação à abertura do mercado.

Mas entre os analistas, a avaliação foi positiva. Em relatório, a XP Investimentos recomendou a compra dos papéis da companhia e considerou que os resultados foram melhores do que o esperado pelos analistas.

A análise é assinada por Lucas Laghi, head de mineração, siderurgia, papel e celulose e bens de capital, Guilherme Nippes, analista de mineração e siderurgia e papel e celulose, e Fernanda Urbano, analista de bens de capital.

Apesar do respiro nos resultados, os analistas consideram que os olhos do mercado continuarão voltados para “o ponto de inflexão dos preços da celulose e o aumento dos projetos em andamento - PM#27, PM#28 e Figueira”.

Apesar disso, os especialistas consideram que a Klabin se beneficia das boas perspectivas para o preço da celulose, “ juntamente com a melhoria do impulso em seus negócios de papel e embalagens".

Para a equipe de mercado do ItaúBBA, a recomendação para a Klabin é “neutra”, uma vez que o EBITDA em R$ de R$1,8 bilhão está em linha com o estimado anteriormente pela instituição.

No entanto, os analistas Daniel Sasson, Marcelo Furlan Palhares, Edgard Pinto de Souza e Barbara Soares, que assinam o relatório, consideram que a alavancagem financeira da companhia permanece alta, a 3,9x (em USD),

Para a Klabin, a alavancagem em 2024 ficou dentro dos parâmetros estabelecidos pela Política de Endividamento da Companhia, além de ter se mantido estável em relação ao terceiro trimestre do ano.

Os analistas do ItaúBBA esperam até o final de 2025 “uma redução da alavancagem para volumes abaixo de 3,5x na sequência de uma forte geração de Fluxo de Caixa operacional e das receitas com o projeto Plateau”.

Lançado em outubro do ano passado, o Projeto Plateau marca o reforço da atuação da Klabin no setor florestal, por meio da exploração de florestas plantadas e áreas produtivas nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

O investimento foi feito em parceria com uma Timber Investment Management Organization (TIMO), especializada na gestão de investimentos em ativos florestais.

Em fato relevante divulgado no início do mês, a companhia anunciou o aporte da primeira parcela de investimentos no projeto, no valor de R$ 800 milhões. Um novo aporte de R$ 1 bilhão está previsto para o segundo trimestre de 2025.

Vendas de papel puxaram bons resultados

Esse respiro da gigante de papel e celulose, cujo valor de mercado é de R$ 28 bilhões, se deu principalmente pelo desempenho positivo do negócio de papéis da companhia.

Assim, a produção de papéis cresceu 4% e fechou o período em 658 mil toneladas. O volume foi puxado principalmente pelo aumento da produção de kraftliner e reciclados, além do ram-up da MP27 e MP28, duas linhas de produção voltadas para a fabricação do kraftliner.

Com isso, a Klabin registrou aumento de 38% no volume de vendas e 26% em preços, “fruto de melhores condições nos mercados interno e externo, além da valorização do dólar frente ao real no período”.

A receita líquida da divisão de papéis cresceu 19% em relação ao quarto trimestre de 2023 e ficou em R$ 1,7 bilhão. No acumulado do ano, esse aumento foi de 18% com a receita líquida chegando a R$ 6,39 bilhões ante R$ 5,4 bilhões.

Segundo relatório de resultados, esse crescimento acabou por compensar a parada planejada para manutenção da planta de Monte Alegre (PR) no quarto trimestre.

Na divisão de embalagens houve aumento de 11% no volume de vendas no quarto trimestre de 2024, com 273 mil toneladas. Dentro desse segmento, as vendas de sacos cresceram 25% somente no quarto trimestre, puxados principalmente pelo aumento do despacho de cimentos no mercado interno.

Assim, no acumulado do ano o aumento do volume de vendas de embalagens chegou a 5% com 1.053 mil toneladas comercializadas e receita total de R$ 6,57 bilhões, 3% superior a 2023.

Já a produção de celulose recuou 3% no acumulado de 2024 e fechou o ano com 1,5 milhão de toneladas. No quarto trimestre, o volume produzido recuou 1% e ficou em 399 mil toneladas.

O volume de vendas de celulose também recuou 6% no ano passado, com queda de 3% somente no quarto trimestre, com 400 mil toneladas.

No entanto, os bons preços da celulose contribuíram para que a receita líquida do ano aumentasse 6% e fechasse o ano em R$ 6,04 bilhões, ante R$ 5,6 bilhões em 2023. No trimestre, a alta foi de 20%, com R$1,65 bilhão.

No entanto, o aumento dos custos totais acabaram por desacelerar os resultados. No quarto trimestre do ano, o custo total foi de R$ 3,5 bilhões, aumento de 20% em relação ao mesmo período de 2023.

No acumulado do ano, as despesas logísticas, somadas à desvalorização do real e cenário de juros altos, puxaram os custos que cresceram 4% em relação ao ano anterior, mesmo com as reduções de custo alcançadas na área florestal da companhia.