A Klabin anunciou nesta quinta-feira, 30 de novembro, que pretende investir R$ 4,5 bilhões em 2024 nas suas operações, com a maior fatia, cerca de R$ 1,3 bilhão, destinada à continuidade operacional e outro R$ 1,1 bilhão para “compra de madeira em pé”.

No mais, são R$ 800 milhões para a silvicultura, R$ 700 milhões para projetos especiais, R$ 300 milhões para a nova caldeira da unidade de Monte Alegre e R$ 300 milhões para o projeto Puma 2.

O Puma 2 é o maior projeto de expansão da história da Klabin. Anunciado em 2019 e com um investimento total de quase R$ 13 bilhões, envolve a criação de um complexo industrial localizado em Ortigueira, no Paraná.

A empresa entregou em 2021 a primeira máquina de papel com capacidade de 450 mil toneladas por ano. Neste ano, finalizou a segunda, com capacidade de mais 460 mil toneladas anuais.

O Puma 2 também veio com a intenção de a empresa ser a primeira do mundo a produzir o papel Eukaliner, que demanda menos energia na produção e tem mais resistência que os concorrentes.

A empresa ainda espera encerrar 2023 com outros R$ 4,5 bilhões investidos ao longo do ano. Neste ano, a maior parte dos aportes está dividida entre Puma 2, com R$ 1,5 bilhão, e R$ 1 bilhão para continuidade operacional.

No anúncio feito pela Klabin, a empresa apontou que as estimativas divulgadas são “dados hipotéticos e previsões que refletem as expectativas atuais da administração em relação ao futuro da Klabin”.

Tanto é que no final do ano passado, a expectativa da empresa era de um investimento de R$ 5,4 bilhões ao longo deste ano, o que acabou não se confirmando.

Desse total, R$ 2,2 bilhões estavam previstos para a manutenção, que englobaria R$ 1,4 bilhão para a continuidade operacional e R$ 800 milhões para silvicultura. Para o Puma 2, a empresa projetava investir, ao longo de 2023, R$ 2,1 bilhões, montante que veio R$ 600 milhões abaixo.

Durante o Klabin Day, evento realizado nesta quinta para dialogar com investidores e agentes do mercado financeiro, o CFO da empresa, Marcos Ivo, pontuou que os R$ 900 milhões de diferença entre o projetado para esse ano e o executado já foram colocados no montante para o ano que vem.

Ele explicou que como as entregas do Puma 2 foram feitas no prazo correto neste ano, a necessidade de desembolso na linha dos projetos foi menor que o projetado e, por isso, a empresa repassou esse dinheiro para o próximo exercício.

Ivo também comentou sobre a alocação para 2024 e citou que o foco da empresa no ano que vem será de concluir, no Puma 2, a rampa de produção das máquinas 27 e 28, atingindo a capacidade total na primeira.

No investimento da nova caldeira de Monte Alegre, a perspectiva é de um capex total de R$ 1,8 bilhão nos próximos anos. O CFO afirmou que os R$ 300 milhões de 2024 servirão para obras preparatórias.

“Temos uma visão madura da necessidade de substituir a caldeira atual por uma nova, de mesma capacidade. Nosso time de engenharia está finalizando as tratativas com fornecedores e devemos submeter o projeto final para o conselho aprovar no ano que vem”, comentou Marcos Ivo.

A compra de madeira em pé projetada para o ano que vem está, segundo Ivo, alinhada aos maiores volumes de madeira de terceiros que o projeto Puma 2 irá demandar.

No investimento para manutenção, ou seja, na continuidade operacional e na silvicultura, os R$ 2,1 bilhões de reais são considerados pelo CFO como “um patamar sustentável da Klabin para manter as operações”.

Durante o mesmo evento, o CEO da empresa, Cristiano Teixeira, considerou 2024 como um ano de fechamento do ciclo que foi iniciado entre 2017 e 2018.

“Naqueles anos, a administração da Klabin perguntou aos acionistas controladores qual seria o nosso mandato e nos responderam que queriam um plano de crescimento sólido e que trouxesse estabilidade para a companhia”, disse o CEO.

Ao longo desse ciclo, a empresa expandiu em 110 mil hectares suas florestas e deu início a projetos bilionários como o Puma 2 e o projeto Figueira.

O Projeto Figueira é a construção de uma nova unidade que terá capacidade de produção de 240 mil toneladas de papelão ondulado por ano e tem um investimento total estimado de R$ 1,5 bilhão.

Esse período serviu para aumentar o portfólio da Klabin e, segundo Teixeira, ajudou a aumentar a participação de produtos de maior valor agregado e produtos de nicho nas vendas.

Ao final deste ano, a composição de vendas da empresa deve estar em 28% com papelão ondulado, 19% cartão, 11% fluff, 11% kraftliner e 31% na celulose de fibra curta.

Em 2015, por exemplo, anos antes do plano de expansão, o portfólio só contava com papelão, cartão e fluff.

Para os próximos anos, Teixeira considera que “as rotas claras de crescimento aguardam uma maior clareza do cenário macroeconômico global”.

“Estamos agora concluindo, e devemos entregar na semana que vem o caderno que aponta nosso plano até 2033, um novo mandato que trará a nova visão para a Klabin daqui pra frente”, disse o CEO.

Nesta manhã, as units da Klabin (KLBN11) lideravam as perdas do Ibovespa, principal índice acionário da B3, a Bolsa brasileira, com uma baixa de 4%. No ano, os papéis sobem cerca de 12%.