A decisão da Klabin de acelerar o fornecimento de madeira própria e adiantar investimentos, comprando ativos florestais da Arauco, foi bem avaliada por analistas de mercado.
A companhia de papel e celulose anunciou na noite desta quarta-feira um investimento de US$ 1,1 bilhão, algo em torno de R$ 5,8 bilhões, para a compra de 150 mil hectares da chilena. Deste total, 85 mil hectares são de áreas florestais produtivas e incluem 31,5 milhões de toneladas de madeira em pé (volume esperado), além de máquinas e equipamentos florestais.
Os ativos florestais da Arauco que passam para a Klabin estão no Paraná. A aquisição faz parte do projeto "Caetê”.
Cristiano Teixeira, diretor-geral da Klabin, afirmou em comunicado que “esse é mais um movimento que reforça o foco da empresa em eficiência operacional”.
Com a compra, a Klabin antecipa as metas de autossuficiência de madeira própria no estado e conclui a expansão projetada na região. Antes, a empresa esperava ter esse mercado em seis anos. A perspectiva é concluir a aquisição até o final do ano que vem.
“Após a colheita do primeiro ciclo, a Klabin excederá a sua meta de autossuficiência em aproximadamente 60 mil hectares produtivos, que poderão ser monetizados”, afirmou a empresa, em nota oficial. A conclusão da operação envolvendo a Klabin e a Arauco ainda está sujeita à aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
O head de papel e celulose da XP, Lucas Laghi, pontuou em relatório, que a aquisição deve gerar valor à empresa em função de três fatores principais.
O primeiro é a aceleração do fornecimento de madeira própria, reduzindo as necessidades de investimentos nos próximos anos, algo que ele considerava uma das principais preocupações dos investidores.
Além disso, a monetização do excesso de terra após a colheita da madeira e a redução dos custos, com a otimização logística, agradaram o analista.
Laghi acredita que a empresa possa vender em torno de 60 mil hectares, a partir de 2025. A XP considera um preço base de R$ 60 mil por hectare. Com essa estimativa, a Klabin poderia arrecadar R$ 3,6 bilhões em vendas, caso comercializasse toda essa área por esse preço estimado.
A operação, contudo, deve aumentar a alavancagem da Klabin, colocando a dívida líquida sendo quatro vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação). “Com a empresa desalavancando progressivamente entre 2026 e 2027, esperamos que ela atinja os mesmos níveis de alavancagem de 2,7 vezes que tínhamos antes do projeto”, destacou Laghi.
Com a aquisição e antecipação dos investimentos, a Klabin também anunciou que reduzirá o seu capex em R$ 1 bilhão por ano entre o ano que vem e 2026. Nos dois anos seguintes, serão R$ 500 milhões a menos por ano.
Antes da compra da operação paranaense da Arauco, a Klabin estimou, durante seu Investor Day, que investiria R$ 4,5 bilhões em 2024 nas suas operações. Desse total, a maior fatia ficaria destinada à continuidade operacional, e seriam R$ 1,1 bilhão para "compra de madeira em pé".
“Essa economia ao longo dos anos se dará na compra de madeira de terceiros, e estimamos que de 2028 em diante, essa economia fique ao redor de R$ 2,5 bilhões ao ano”, acrescenta o analista.
Marcos Ivo, diretor financeiro e de relações com investidores da Klabin, destacou, também em nota, que a empresa mantém a sua sólida posição financeira com robusta liquidez e perfil de dívida alongado. “Trata-se de uma ótima oportunidade em termos operacionais e financeiros, que reduzirá a necessidade de compra de madeira de terceiros e aumentará a competitividade de custos da companhia, com criação de valor para os seus acionistas”.
Na B3, a resposta dos investidores foi positiva após o anúncio. No início do pregão desta quinta-feira, as units da Klabin (KLBN11), tinham valorização de 2,30%, sendo uma das maiores altas do Ibovespa. No ano, os papéis sobem pouco mais de 6%, cotados num patamar acima dos R$ 21,30.