Com o preço dos grãos em trajetória de baixa há cerca de dois anos, a Kepler Weber aposta na diversificação. A maior parte dos negócios ainda é feita com os produtores rurais, mas a empresa passou a investir para ganhar mais receita de outros segmentos. O movimento tem dado resultado.
Em balanço referente ao terceiro trimestre de 2024 divulgado nesta quinta-feira, a companhia viu sua receita líquida crescer 8,2% em um ano, atingindo R$ 439,1 milhões. No mesmo período do ano passado, a companhia havia reportado R$ 405,6 milhões.
No trimestre, a maior parte da receita (35,7%) veio das operações com agroindústrias. As operações trouxeram R$156,6 milhões aos cofres, crescimento de 1,6% em relação ao mesmo período de 2023.
“No acumulado de 2024, atingimos R$360,9 milhões em receitas no segmento, aumento de 3,2% em comparação ao ano anterior. Destaca-se o impulso das agroindústrias da região Sul do País que após anos de desafios causados pela escassez hídrica e condições produtivas adversas, voltaram a investir fortemente”, pontuou a Kepler no seu balanço.
O segmento “fazendas”, que envolve a venda direta para produtores, teve uma pequena retração de 2,7% na comparação entre o terceiro trimestre deste ano e o mesmo período em 2023, mostrando que as margens apertadas diminuíram um pouco o apetite investidor dos produtores. A área faturou R$ 141 milhões no trimestre, e no ano, já soma R$ 377 milhões.
A área de “Negócios Internacionais” registrou o melhor terceiro trimestre dos últimos quatro anos, e trouxe uma receita líquida de R$ 51,2 milhões, aumento de 63,6% em relação ao mesmo período de 2023. No acumulado de 2024 são R$ 121 milhões.
A companhia citou uma “conversão de oportunidades” no Uruguai e Paraguai, que estão aquecidos pela demanda de produção de arroz e por novos mercados compradores na América Central e na Ásia.
“Julho foi o melhor mês da história da companhia em vendas para outros países, totalizando R$ 43 milhões”, comenta Bernardo Nogueira, CEO da Kepler Weber, em nota divulgada junto ao balanço.
No segmento de portos e terminais, uma das grandes apostas da Kepler, a receita ficou em R$17,4 milhões, montante cinco vezes maior em comparação ao mesmo período de 2023.
Em setembro, o AgFeed conheceu um pouco mais da atuação da companhia no segmento em uma visita ao Porto de Santos, onde a empresa estima estar presente em 60% das correias transportadoras existentes e em 88% do armazenamento de grãos sólidos.
Na baixada santista, Cutrale, Cargill e Caramuru são só alguns exemplos de empresas que foram clientes da Kepler no segmento de portos e terminais.
Por fim, a área de “Reposição e Serviços” registrou uma receita líquida de R$ 72,1 milhões no terceiro trimestre, 1,1% a mais quando comparado com o mesmo período do ano anterior.
A empresa encerrou o terceiro trimestre com um lucro líquido de R$ 59,6 milhões, 10,4% menor que os R$ 66,6 milhões de igual período do ano passado.
Mesmo com a alta na receita em praticamente todos segmentos, o lucro caiu acompanhando um avanço das despesas financeiras. De julho a setembro, esses encargos totalizaram R$ 22,4 milhões, cerca de 5% de toda a receita líquida.
No mesmo trimestre do ano passado, as despesas ficaram em R$ 8,2 milhões. De acordo com a Kepler, o aumento reflete “um maior dispêndio com encargos sobre financiamentos no período”.
Na B3, os papéis da Kepler recuam 4,6% no acumulado de 2024. Por lá, a empresa está avaliada em quase R$ 2 bilhões.