Troca de comando em grandes empresas é algo relativamente comum. No entanto, os executivos escolhidos geralmente ficam alguns anos no cargo, até para conseguirem viabilizar as mudanças que conselheiros e acionistas esperam.

No caso da Kepler Weber, empresa que lidera o mercado de armazenagem de grãos no Brasil, o ciclo de Piero Abbondi como diretor-presidente teve cinco anos completos em 2023. No cargo desde 2018, ele apresentou pedido de renúncia nesta quarta-feira, dia 3, ao conselho de administração.

A indicação de seu substituto já havia sido feita no ano passado, mas aguardava uma confirmação do conselho. Em fato relevante divulgado ao mercado, a Kepler Weber informou hoje que já a partir desta quinta-feira, dia 4, Bernardo Nogueira assume a presidência da companhia.

Segundo o documento, Nogueira tem mais de 20 anos de experiência no agronegócio, com passagens por empresas como Bayer, Monsanto e SGS. Nessas companhias, o executivo se destacou principalmente por sua atuação em Venture Capital e fusões e aquisições.

Abbondi continuará na Kepler Weber como membro do conselho de administração, e vai manter a posição de coordenador dos comitês de Estratégia, Investimentos e Finanças, Pessoas, Compliance e Sustentabilidade.

Nogueira será apresentado em um evento online nesta quinta-feira para responder dúvidas sobre a sucessão, às 10 horas.

A Kepler Weber vem de um ano mais desafiador em 2023, com queda de quase 17% nas receitas e lucro líquido 36% menor que em 2022, com margens mais apertadas. A margem Ebitda da companhia caiu quase 8 pontos percentuais em um ano.

No quarto trimestre, as principais dificuldades enfrentadas pela Kepler Weber foram nos segmentos de agroindústrias e principalmente negócios internacionais. Este último apresentou queda próxima de 30% no faturamento nos últimos três meses de 2023.

No final de dezembro, em entrevista ao AgFeed, Bernardo Nogueira disse que a "virada de ano" mostrava uma carteira maior de clientes. O executivo disse na época esperar "um 2024 robusto" para empresa. Apesar das dificuldades do produtor rural na atual safra, que vem reduzindo investimentos, Nogueira disse que o motivo das tradings e indústrias de etanol para melhorar a capacidade de armazenagem era um dos fatores que poderia beneficiar a Kepler Weber.

Em comunicado à imprensa, a Kepler Weber ressalta que entre 2018 e 2023, a empresa registrou um crescimento anual médio superior a 21% na receita líquida. "A empresa está em um bom patamar, com segmentos diversificados, o que nos coloca na posição de ter diferentes alavancas em momentos de crise", destaca Abbondi.

A companhia apresentará no próximo encontro com acionistas um plano de crescimento até 2030. "O plano estratégico pode conter eventuais fusões e aquisições, se houver oportunidades que tenham sinergia com o nosso negócio, mas ele não se faz apenas com aquisições. A estratégia também é feita no dia a dia, com um bom plano de inovação em produtos, atenção ao cliente, que também inclui investimentos", afirma Abbondi.

"Quero dedicar a maior parte do meu tempo para que a companhia siga com excelência industrial, operacional. E o meu desejo como legado é poder estar cada vez mais próximo dos clientes", diz  Nogueira.