Com a assinatura de seu maior cheque após seu IPO realizado em 2020, a JSL conseguiu, numa tacada só, aumentar seu prognóstico de receita para mais perto de sua meta e também ampliar seu portfólio de produtos voltados ao agronegócio.
Anunciada no começo de março e concluída nesta semana, a compra da paulista IC Transportes fez a empresa inaugurar seus trabalhos na logística de fertilizantes, grãos e etanol.
O segmento agro, vale dizer, não é novidade para a companhia, que já trabalha nas cadeias produtivas do setor desde sua fundação.
Em entrevista ao AgFeed, o CEO da JSL, Ramon Alcaraz, comentou que o primeiro cliente da companhia, lá nos anos 1950, foi justamente a Suzano, companhia produtora de papel e celulose.
“Estamos presentes no agro há mais de 60 anos”, destacou.
Antes da compra da IC, a sétima feita pela companhia desde 2020, a JSL já atuava no universo agro pelo transporte de ativos do setor sucroalcooleiro, além de papel e celulose.
“Somando a nossa atuação no agronegócio com a IC no nosso portfólio, estamos falando em algo de 20% da nossa receita. Se contarmos o transporte de máquinas, que também é parte desse ecossistema, é algo em torno de 25%”, comenta Alcaraz.
Nos termos do negócio, a companhia da família Simões pagou R$ 338 milhões pelo equity value (valor de mercado menos as dívidas) da IC.
O valor de mercado da comprada foi avaliado em R$ 587 milhões.
Alcaraz destaca que, para além do aumento do portfólio, a compra da IC empurra a empresa para sua meta de receita bruta para 2025. Em dois anos, a JSL espera atingir um faturamento bruto maior que R$ 10 bilhões.
Com a soma da receita obtida pela IC em 2022 com o que a JSL conseguiu nesse período, o montante final chega bem próximo disso.
Em 2022, a IC anotou uma receita líquida de R$ 1,4 bilhão. Com o acordo, a JSL espera adicionar R$ 1,7 bilhão de receita bruta por ano.
Somando esses R$ 1,7 bilhão aos R$ 7,1 bilhões vistos pela empresa de logística no ano passado, o valor total seria algo em torno de R$ 8,8 bilhões.
Além do aumento da receita, a compra diversifica geograficamente as operações da JSL, já que a comprada atua também em países como Argentina, Uruguai e Paraguai.
Mesmo com atuação diversificada, realizando a logística também no setor de bebidas, alimentos, siderurgia e automotivo, o CEO destaca que a resiliência do agronegócio traz uma segurança para a companhia num cenário brasileiro de instabilidade econômica.
O segmento de papel e celulose, por exemplo, corresponde a 20% dos R$ 605 milhões em contratos assinados no primeiro trimestre pela companhia. O balanço do período ainda não considerou os resultados e contratos da IC.
O mercado reagiu bem à aquisição. No dia do anúncio da compra, em março, os papéis da JSL negociados na B3 tiveram uma alta de 5,01%, e encerraram o pregão cotados a R$ 6,92. Ontem, a ação fechou o dia valendo R$ 7,51. No acumulado do ano até agora, a valorização chega a 36,3%.