Uma das maiores empresas de alimentos do mundo, a gigante JBS tem, efetivamente, seis unidades globais de negócios. Os Estados Unidos centralizam três delas, que somadas, renderam faturamento de quase R$ 60 bilhões.
Exatamente por conta dessa relevância, os negócios norte-americanos da companhia de proteína animal vinham impedindo uma consistência na lucratividade nos últimos trimestres. Isso mudou no começo de 2024.
A exceção é a JBS Beef North America, unidade de carne bovina dos Estados Unidos, que continua entregando margem e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) negativos, mesmo com melhora em relação ao final de 2023.
Mas Pilgrim’s Pride, de frango, e principalmente a unidade de suínos JBS USA Pork se juntaram às operações brasileiras para ajudar a companhia a retomar lucros bilionários no primeiro trimestre deste ano.
A reversão do resultado, no período de um ano, foi completa. No mesmo período de 2023, a JBS havia amargado perdas de quase R$ 1,5 bilhão. É possível dizer que em 2024, o grupo compensou esse prejuízo, com um lucro líquido de R$ 1,6 bilhão.
O Ebitda ajustado quase triplicou, chegando perto de R$ 6,5 bilhões. A margem Ebitda seguiu o mesmo caminho, saindo de 2,5% no primeiro trimestre de 2023 para 7,2% em 2024.
Em faturamento, o avanço foi modesto, ficando abaixo de 3%. Neste item, a JBS Brasil se destaca, com crescimento de quase 17% em um ano. Mas todas as outras unidades de negócio ficaram próximas da estabilidade.
A grande mudança em relação ao começo de 2023 está nas margens. Nesse quesito, o grande destaque é JBS USA Pork, que saiu de 2,5% no ano passado para 16,4% em 2024.
O comentário da companhia sobre o que motivou essa mudança de cenário mostra a relevância da diversificação de negócios. A JBS Pork se beneficiou da migração de consumo de carne bovina para a suína nos Estados Unidos, por conta dos preços.
As projeções são de que a demanda continue forte, inclusive para exportações. “No mercado internacional, os dados do USDA para o ano indicam um aumento de exportações de carne suína em 11%, especialmente para o México, Coreia do Sul e Colômbia”, diz a JBS.
O Ebitda ajustado da operação de suínos nos EUA chegou a R$ 1,5 bilhão, valor quase 7 vezes maior que o registrado no começo de 2023.
No ranking de destaques do trimestre em margem, a Seara fica em segundo lugar. A unidade brasileira saiu de 1,4% de margem Ebitda no primeiro trimestre de 2023 para 11,6% no mesmo período de 2024. O Ebitda ajustado da Seara cresceu 8 vezes, para quase R$ 1,2 bilhão.
Neste caso, a JBS justifica a maior rentabilidade com ações que resultaram em melhores indicadores operacionais, menores despesas com grãos, melhor relação entre oferta e demanda e maturação de novas plantas.
A companhia destaca o crescimento de 25% nas vendas de frango da marca Seara, com aumento de 13% no volume e de 11% nos preços.
“Apesar de ser um trimestre sazonalmente mais fraco no Brasil, a companhia seguiu com sua estratégia de fortalecimento da marca Seara, obtendo bons resultados por meio de índices como penetração e recompra”, comenta a companhia ao falar da Seara.
Ainda sobre frango, mas nos Estados Unidos, a Pilgrim’s Pride conseguiu elevar em 5 pontos percentuais sua margem Ebitda, para 11,5% no primeiro trimestre de 2024. O Ebitda ajustado da unidade saltou 78% em um ano, para R$ 2,5 bilhões.
Parcerias com clientes-chave, melhora na eficiência operacional e evolução na categoria de produtos processados são apontados como principais fatores que ajudaram os resultados nos Estados Unidos. No México, houve um melhor equilíbrio entre oferta e demanda.
Em bovinos, os ambientes no Brasil e nos Estados Unidos ainda apresentam muitas diferenças. O Ebitda e a margem Ebitda da operação americana melhoraram em relação ao final do ano passado, mas ainda apresentaram resultados negativos no primeiro trimestre de 2024.
A JBS Brasil, que reflete os resultados de marcas como Friboi e Swift, mais que dobrou o Ebitda em um ano, para R$ 643 milhões. A margem também quase dobrou na comparação anual, chegando a 4,5%.
As exportações ajudaram muito no faturamento, com aumento de 60% nas receitas com vendas de carne in natura. A empresa afirma que a rentabilidade foi beneficiada por uma base de comparação mais fraca e menor preço para compra de gado.
A JBS Beef North America teve Ebitda negativo em R$ 48,6 milhões, ante resultado positivo de R$ 116 milhões no primeiro trimestre de 2023. A margem Ebitda ficou negativa em 0,2%.
Em um trimestre sazonalmente mais fraco, o preço do gado continuou em patamares altos, crescendo 12% na comparação anual, segundo dados da USDA.
“Desse modo, como o preço do gado representa aproximadamente 85% do custo do produto vendido, e o crescimento dos custos foi superior ao crescimento do preço de venda da carne (+8%), a rentabilidade ficou pressionada no período”, diz a companhia ao comentar os números.