Quando um cidadão estrangeiro chega aos Estados Unidos, o símbolo da conquista da cidadania americana é o chamado “green card”. Com este título, a pessoa passa a contar oficialmente com todos os direitos (e deveres) dos nativos.

A JBS conseguiu, nesta segunda-feira, 24, seu "green card" corporativo. A Securities and Exchange Comission (SEC), que faz o papel da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), nos Estados Unidos, aprovou o registro do grupo como companhia americana. Agora, a empresa está oferecendo aos investidores a opção de trocar seus títulos já emitidos, pelos novos, já na condição de empresa dos EUA.

As condições das 11 séries de títulos de dívidas emitidas, que têm vencimento entre 2027 e 2052, permanecem as mesmas. A mudança está na regulação que passa a basear estas emissões.

Antes, os títulos eram emitidos e podiam ser comprados por investidores dos Estados Unidos. Mas por ser uma empresa estrangeira (no caso, brasileira), a JBS não era obrigada a seguir as normas do mercado norte-americano, o que restringia a negociação dos títulos entre detentores e quem tinha interesse em comprá-los, o chamado mercado secundário.

A nova condição da JBS, registrada como uma empresa dos EUA, obriga a companhia a seguir todas as normas da SEC, inclusive a necessidade de divulgar seus resultados no ambiente de mercado norte-americano.

A expectativa é que os investidores possam negociar mais facilmente os títulos, elevando a liquidez. O mercado secundário de renda fixa nos Estados Unidos é bastante aquecido, e esta possibilidade aumenta a atratividade dos títulos já emitidos, e principalmente, facilita futuras captações pela JBS por lá.

O pedido de substituição foi feito pela companhia em maio, com a aprovação levando dois meses. Este foi o primeiro passo dado pela JBS na direção da dupla listagem, anunciada há menos de duas semanas.

A JBS passará a ter ações negociadas em Nova York, com Brazilian Depositary Receipts (BDRs) patrocinadas, ou seja, emitidas diretamente pela empresa, negociadas na B3. Esta operação também está em fase de aprovação pela SEC, e depois deverá ser referendada pelos acionistas em assembleia.

No total, serão quase US$ 10,8 bilhões em títulos que serão trocados. Os detentores terão até as 17 horas, no horário de Nova York, do dia 21 de agosto para realizar as trocas.

Veja os valores dos títulos que serão trocados e suas condições:

US$ 991,395 milhões, com taxa de 2,500% ao ano e vencimento em 2027
US$ 900 milhões, com taxa de 5,125% ao ano e vencimento em 2028
US$ 77,973 milhões, com taxa de 6,500% ao ano e vencimento em 2029
US$ 600 milhões, com taxa de 3% ao ano e vencimento em 2029
US$ 1,25 bilhão, com taxa de 5,500% ao ano e vencimento em 2030
US$ 500 milhões, com taxa de 3,750% ao ano e vencimento em 2031
US$ 1 bilhão, vinculados a metas de sustentabilidade, com taxa de 3% ao ano e vencimento em 2032
US$ 968,548 milhões, vinculados a metas de sustentabilidade, com taxa de 3,625% ao ano e vencimento em 2032
US$ 2,05 bilhões, com taxa de 5,750% ao ano e vencimento em 2033
US$ 900 milhões, com taxa de 4,375% ao ano e vencimento em 2052
US$ 1,55 bilhão, com taxa de 6,500% ao ano e vencimento em 2052