A ADM (Archer Daniels Midland), gigante global do setor de alimentos, começou sua semana em clima de ressaca e com queda de mais de 20% no valor de suas ações.
A empresa divulgou um comunicado oficial neste domingo, onde pontuou que seu diretor financeiro e vice-presidente sênior, Vikram Luthar, saiu de licença, e deu lugar a Ismael Roig, que ocupará o posto como interino.
Roig atualmente é o executivo responsável pelas operações da ADM no chamado EMEA (Europa, Oriente Médio e África). Antes, era responsável pela área de nutrição animal da empresa. O executivo está na ADM há cinco anos, sendo essa sua segunda passagem pela trading. Ele também atuou na companhia de 2006 até 2016.
A licença de Luthar é a grande questão do comunicado, pois o executivo está sendo investigado por advogados externos da ADM e pelo Comitê de Auditoria do Conselho em relação a determinadas práticas e procedimentos contábeis relacionadas ao segmento de nutrição da empresa.
A investigação da ADM se iniciou após a SEC, a CVM americana, solicitar um documento para a trading. “A ADM está cooperando com a SEC”, disse a empresa.
“Aguardando o resultado da investigação, o Conselho determinou que era melhor colocar Luthar em licença administrativa. O Conselho continuará a trabalhar em estreita coordenação com os consultores da ADM para identificar o melhor caminho a seguir e garantir que os processos da ADM estejam alinhados com as melhores práticas de governação financeira”, garantiu a empresa no comunicado oficial.
Além de anunciar a troca e a investigação, a empresa reduziu sua previsão de lucro para o ano fiscal de 2023 para US$ 6,90 em lucro ajustado por ação. Antes, a projeção era de um lucro de US$ 7 por papel. A divulgação de resultados também foi adiada, e por hora, não tem uma nova data definida.
A ADM também retirou a sua previsão de lucro para a sua unidade de nutrição, que passa a ser colocada no centro das atenções da investigação. Recentemente, o presidente da ADM para a América Latina, Domingo Lastra, disse ao AgFeed que a meta dessa divisão era atingir os US$ 1 bilhão até 2025.
Nessa segunda, o mercado não recebeu bem as novidades. Segundo informações do jornal The Wall Street Journal, o banco Goldman Sachs reduziu seu preço-alvo para o papel da ADM de US$ 90 para US$ 67.
Além dele, o Bank of Montreal (BMO) reduziu seu preço-alvo de US$ 80 para US$ 66.
Os analistas do BMO afirmaram que a turbulência na investigação e gestão deve resultar numa menor margem de lucro no negócio de nutrição da empresa, pressionando a ADM no momento em que os investidores já estavam preocupados com o declínio dos preços das matérias-primas.
O resultado em Nova York, por enquanto, é trágico. Hoje à tarde, por volta das 13 horas de Brasília, as ações da trading despencavam 20% na NYSE, cotadas a US$ 53,90. Na sexta, o papel era cotado por US$ 68,18 ao fechamento do mercado.