Na equação da FMC, o maior volume de vendas na América Latina e na América do Norte compensou os preços mais baixos dos produtos. O resultado foi o aumento da receita, que ajudou a reverter prejuízo em lucro.

De acordo com o balanço da companhia referente ao terceiro trimestre de 2024, a multinacional de insumos agrícolas teve um faturamento líquido de US$ 1,07 bilhão, o que representa um aumento de 9% em relação ao terceiro trimestre de 2023.

Na América Latina, principal mercado da FMC, a receita subiu 8% ano a ano e atingiu US$ 504 milhões. “Os desafios de preços no Brasil e na Argentina foram mais do que compensados pelo crescimento do volume, principalmente no Brasil, incluindo a forte demanda por fungicidas”.

"Entregamos crescimento de receita e lucros conforme as condições de mercado melhoraram, embora em taxas variadas entre as regiões", disse Pierre Brondeau, presidente e CEO da FMC, em nota que acompanhou a divulgação dos resultados.

No trimestre, a companhia registrou lucro de US$ 66 milhões, revertendo o prejuízo de US$ 4 milhões no mesmo período em 2023. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) foi de US$ 201 milhões, alta de 15% em um ano.

O volume cresceu 17% de um ano para cá, segundo a companhia, refletindo pedidos feitos antes do esperado na América do Norte, com níveis de estoque mais normalizados. O preço médio recuou 5% por conta de “condições desafiadoras no mercado brasileiro e argentino, incluindo chuvas atrasadas e estoques mais elevados”.

“Além disso, a falência de um grande cliente levou a FMC a oferecer incentivos adicionais para substituir volumes perdidos e manter a participação de mercado”, disse a empresa em seu balanço, sem citar nomes.

Por mais que a empresa tenha voltado a dar lucro em meio a um processo de reestruturação, que envolve desde uma redução no time brasileiro até a venda recém anunciada da unidade Global Specialty Solutions (GSS), o resultado final de 2024 ainda evidencia o cenário difícil que o setor vive

A companhia fez uma leve redução no guidance divulgado há alguns meses para o ano completo. A FMC espera encerrar dezembro com uma receita líquida entre US$ 4,3 bilhões e US$ 4,4 bilhões, baixa de 2% frente ao ano de 2023. Antes, a projeção tinha um intervalo que ia até os US$ 4,5 bilhões.

Se por um lado a venda da GSS traz um reforço ao caixa num momento complicado para o setor, a subsidiária deixa de trazer receitas, e por isso a revisão.

.A companhia espera um quarto trimestre também no azul, com uma receita entre US$ 1,3 bilhão e US$ 1,4 bilhão, um aumento de aproximadamente 19% em comparação com o quarto trimestre de 2023.

“Planejamos entregar um forte crescimento no quarto trimestre, apesar de uma mudança de alguns pedidos do segundo semestre do quarto trimestre para o terceiro trimestre, enquanto muitos países continuam operando em condições desafiadoras”, disse Brondeau.

Segundo ele, os principais impulsionadores do período serão as vendas robustas de novos produtos e as sinergias do processo de reestruturação. “Esperamos mais crescimento nos lucros em 2025 devido aos ventos favoráveis de custos e um crescimento moderado da receita com condições de mercado melhorando”.

Essas condições melhores de mercado parecem dar sinais nos balanços, mas ainda a passos curtos.

No segundo trimestre, a empresa já viu suas receitas crescerem 2% na comparação anual e a companhia voltou a lucrar trimestralmente.

O último resultado abaixo havia sido no primeiro trimestre deste ano, quando a FMC teve uma retração de 32% no faturamento líquido, que atingiu US$ 918 milhões, e apresentou um prejuízo líquido pela última vez.