Os próximos quatro anos servirão para a JCB do Brasil retomar suas origens de sua fundação, na Inglaterra, nos anos 1940. A companhia, que nasceu produzindo máquinas para o agronegócio inglês, mas nas últimas décadas concentrou seus negócios nos segmentos florestais e de construção ao redor do mundo.

Com o agronegócio em ebulição no Brasil, a fabricante de equipamentos da chamada linha amarela (mais utilizados em serviços de obras e infraestrutura, e não nas operações agrícolas) entendeu que era olha de se inspirar no passado e buscar novos espaços nos galpões das fazendas brasileiras.

Segundo o presidente do grupo para as operações brasileiras e do continente, Adriano Merigli, as vendas para o agro representam apenas 20% do total da companhia atualmente. Até 2027, a expectativa é chegar aos 40%.

Para tal, executivos da JCB têm viajado o Brasil para entender quais dos 300 produtos do portfólio global a companhia pode trazer ao Brasil. Atualmente, a operação nacional conta com 26 produtos. “Temos bastante coisa na mesa, tipos de produtos diferentes e até tamanhos distintos”, afirma Merigli.

A meta da JCB também passa pela mudança de comando nas operações brasileiras e da América Latina do grupo. Após quase 30 anos na Volvo, onde atuou no segmento de caminhões e máquinas, Merigli assumiu a posição de comando da companhia, sediada em Sorocaba, no interior de São Paulo.

A última Agrishow, na semana passada, marcou sua estreia em eventos do setor. Segundo ele, com recorde de vendas, que dobraram em relação a 2022 – a companhia não divulga números.

Um dos carros-chefe da JCB na feirafoi o Loadall, conhecido como manipulador telescópico, máquina versátil cuja pá avança e pode atingir até 17 metros de altura, a depender do modelo. Segundo Merigli, o equipamento é comumente utilizado para carregar fardos e sacos de ração utilizados na alimentação de gado.

“O produtor não precisa, por exemplo, construir uma rampa para levar o outro veículo”, diz. Segundo o executivo, a cada 10 demonstrações do veículo, cinco compras são feitas.

Além do mercado brasileiro, a fábrica de Sorocaba exporta um de sua produção, tanto para a América Latina quanto para os Estados Unidos, onde a JCB também possui um escritório próprio.

Já a japonesa Komatsu, que atua nos mesmos mercados, divulgou ter saído da Agrishow com mais de R$ 100 milhões contratados em novas vendas, também movimento recorde.

Segundo nota da empresa, os equipamentos da linha amarela vêm sendo cada vez mais utilizados pelos produtores rurais. Escavadeiras hidráulicas, por exemplo, são usadas na melhoria da infraestrutura das propriedades em serviços como a manutenção das estradas.

“A solidez do agro e o crescimento do setor nos impulsionam a continuar investindo em novas tecnologias e soluções”, afirma Chrystian Garcia, diretor de Vendas e Marketing da Divisão de Equipamentos de Construção da Komatsu.

Segundo estudo da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração), cerca de 40 mil máquinas da linha amarela foram comercializadas no Brasil em 2022, um crescimento de 20% em relação ao visto em 2021 e recorde para o setor.

Desse total, 19% é proveniente do segmento “agribusiness e florestal”. A pesquisa, que utiliza dados da Associação Brasileira da Indpústria de Máquinas (Abimaq) e da Associação Nacional dos fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), mostra até uma retração em relação ao ano anterior. Cenário que as empresas, ávidas por mais espaço no agro, estão dispostas a mudar.