Experiência não falta ao executivo Renato Guimarães. Agrônomo formado pela Universidade Federal de Lavras e com MBA na Fundação Dom Cabral, ele está há mais de três décadas no mercado de insumos agrícolas, com passagens em cargos de direção em empresas como a Syngenta.

Em dezembro passado, ele anunciou seu desligamento da rede varejista Sinagro, onde atuou quase seis anos como CEO. Seu novo destino foi conhecido hoje e ele recebe uma missão correspondente ao seu extenso currículo.

Guimarães foi oficializado nesta quarta-feira, 20 de março, como novo presidente da fabricante americana de defensivos FMC na América Latina, além de ocupar uma vice-presidência na estrutura global da companhia. Ele assume os cargos no início de abril e vai se reportar ao presidente da FMC Américas, o também brasileiro Ronaldo Pereira.

Sua chegada à FMC se dá, segundo afirmou o CEO global da companhia, Mark Douglas, em comunicado, “em um momento importante para os nossos negócios na América Latina, em que emergimos de mudanças organizacionais nos últimos meses e focamos no crescimento da lucratividade dos nossos negócios”.

Douglas tem dedicado bastante atenção à região e, particularmente, ao Brasil. Em novembro passado, em encontro com investidores após a divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2023, ele informou que a filial brasileira passava por uma reestruturação, que resultaria em revisão no tamanho da operação e mudanças em todas as áreas da empresa. Segundo Douglas, esse processo duraria todo o ano de 2024.

No início de fevereiro passado, novamente as operações da região foram destacadas negativamente, desta vez na publicação do balanço anual de 2023, que apresentou um recuo de
de 23% no faturamento da companhia, para quase US$ 4,5 bilhões.

“No quarto trimestre, houve um movimento de queima de estoques em todas as regiões, enquanto a seca no Brasil ampliou os desafios na América Latina”, afirmou Douglas. No quarto trimestre, a queda de receita foi de 38%, pior índice entre as diferentes regiões em que a FMC atua.

“Renato é um líder muito respeitado na indústria de proteção de cultivos no Brasil e em toda a região, com ampla experiência em toda a cadeia de valor, inclusive em empresas da primeira prateleira do setor, no varejo e na operação de sua própria fazendo, tendo uma visão ampla da agricultura e das oportunidades hoje e no futuro”, afirmou Douglas.

Em sua recente passagem pela Sinagro – rede de distribuição que tem entre seus sócios Bunge (33,33%), UPL (38,96%) e Global Capital Fund (26,71%) – Renato Guimarães comandou um processo de rápida expansão. Ele se juntou à empresa em fevereiro de 2018 e permaneceu até dezembro passado.

“Saímos de uma empresa de 12 lojas que faturava R$ 375 milhões, para um grupo que, na área de insumos, conta com 70 lojas espalhadas em 10 estados e faturou R$ 3 bilhões no ano passado”, contou ao AgFeed em entrevista publicada em setembro de 2023, quando ainda era CEO da Sinagro.

No final do ano passado, ele, assim como os concorrentes, viveu na pele a mudança de clima para o negócio de insumos agrícolas, que afetou indústrias e revendas, pegas com estoques muito altos em um cenário de redução de vendas e preços.

Noi período entre a saída da Syngenta e o comando da Sinagro, Guimarães atuou como consultor de empresas e ajudou companhias do exterior a instalarem operações no Brasil. Além disso, junto a outros sócios, comprou uma fazenda e passou a produzir café no sul de Minas Gerais.

Cerca de dois anos atrás, adquiriu uma área em Goiás onde também planta soja. No dia a dia, contudo, diz que acompanha o negócio mais à distância. “Sou mais investidor do que produtor”, afirmou.

Além de Guimarães, a FMC apontou Darren Dillenbeck, atual presidente da empresa nos Estados Unidos, para o comando da FMC América do Norte.