A Jalles Machado viu seu lucro cair 83,2% no terceiro trimestre da safra 2023/24 quando comparado ao mesmo período da temporada anterior.

No trimestre, que contempla os meses de outubro a dezembro do ano passado, o resultado líquido ficou em R$ 75,8 milhões. Um mercado de etanol mais fraco impactou o desempenho da empresa, mesmo com o açúcar em alta no período.

O volume de comercialização de etanol registrou baixa de 26,5%, enquanto o de açúcar subiu 28% na comparação anual. Foram 76 milhões de litros vendidos de etanol e 109 mil toneladas de açúcar.

De acordo com a Jalles, o preço médio de venda do adoçante foi de R$ 2,7 mil por tonelada, 7.7% acima do que estava no mesmo trimestre da safra 2022/23.

Por outro lado, houve uma redução nos preços tanto do etanol anidro quanto do hidratado em, respectivamente 17,0% e 14,9% nessa comparação. Ambos os produtos estavam cotados por R$ 2,50 por litro.

No acumulado da safra até agora, o etanol acumula baixa de cerca de 20% no preço. “Isso é explicado por uma safra brasileira maior e uma paridade de mercado menor em relação à gasolina”, explicou a Jalles Machado em seu balanço.

A receita líquida atingiu R$ 495 milhões no trimestre, leve baixa de 2,7%.

No trimestre, a empresa produziu 59,1 milhões de litros de etanol e 55,2 mil toneladas de açúcar, com um mix de produção de 63,3% para o biocombustível e 36,6% para o adoçante. Os números produtivos mostram avanços de 110% e 71% frente ao mesmo trimestre da safra anterior.

Ao final de 2023, a empresa tinha um estoque de 181 milhões de litros de etanol, algo que deve somar R$ 487 milhões nas contas da Jalles, e de 97 mil toneladas de açúcar, algo em torno de R$ 144 milhões de acordo com a empresa.

Na opinião de Leonardo Alencar, head de agro, alimentos e bebidas na XP, a Jalles Machado apresentou “resultados sólidos e encorajadores” no trimestre, mesmo com a turbulência do mercado de etanol. Ele ainda destacou que os resultados do açúcar compensaram as margens reduzidas do combustível.

“Os resultados do açúcar foram sólidos devido à estratégia de hedge da Jalles e aos melhores preços do açúcar orgânico, um efeito positivo que devemos ver melhor nos próximos trimestres com o aumento dos volumes”, declarou Alencar em relatório.

No futuro, ele projeta que os preços do açúcar devem continuar aumentando. O analista ainda vê as vendas de etanol acelerando, com uma maior demanda no mercado.

Thiago Duarte, analista do BTG Pactual, destacou que a empresa teve custos unitários menores frente o ano anterior, um fator que impulsionou o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) de R$ 319 milhões.

A Jalles Machado pontuou em seu balanço que o custo dos produtos vendidos (CPV), recuou 7,5% em um ano, passando de R$ 429 milhões para R$ 396 milhões no terceiro trimestre da safra atual.

“Esperamos que a diluição de custos se intensifique ainda mais à medida que a Jalles monetiza grandes estoques no quarto trimestre dessa safra. O lucro líquido ainda veio R$ 76 milhões acima das nossas expectativas por conta do hedge positivo”, disse Duarte em relatório.

Para o futuro, Thiago Duarte ainda vê números promissores para a Jalles, avaliando que a empresa pode passar por um novo ciclo de crescimento daqui alguns anos, com investimentos e compras recentes de ativos, como o da Usina de Santa Vitória, feita em 2022.

“Estamos otimistas quanto aos preços do açúcar no longo prazo e acreditamos que os preços do etanol irão se recuperar nos próximos meses. A Jalles Machado é uma ótima maneira de surfar nesse momento”, finalizou o analista do BTG.

Na B3, as ações da empresa (JALL3) apresentavam alta de 2,89% nessa tarde, cotadas num patamar de R$ 7,50. De um ano pra cá, as ações operam com estabilidade no mesmo preço. Tanto a XP quanto o BTG recomendam a compra dos papéis da empresa para os investidores.