A Tyson Foods, principal rival da JBS, não anda trazendo boas notícias ao mercado. Em novembro, anunciou que o resultado do próximo ano fiscal, que se encerra em 2024, pode ser um prejuízo de até US$ 400 milhões.
O resultado reverte o lucro de US$ 233 milhões do período anterior, que já mostrou um tombo frente aos US$ 2,5 bilhões de um ano antes. Junto do anúncio do guidance para o próximo ano, veio mais um prejuízo, da ordem de US$ 450 milhões no trimestre encerrado em setembro.
O ano não tem sido fácil para os produtores de carne bovina nos Estados Unidos, que enfrentam um preço do boi em alta com uma baixa oferta de animais para o abate. E o USDA indicou que a produção de proteínas no próximo ano ainda “diminuirá ligeiramente” em relação a este ano. Para coroar o momento, as ações da empresa acumulam uma baixa de mais de 20% em 2023.
Mesmo com a situação ruim, a empresa deu um passo nas últimas semanas que parece contrário à tempestade que enfrenta. A Tyson Foods abriu uma fábrica com tecnologia avançada nos EUA, expandindo a capacidade de produção de nuggets de frango e outros produtos com a ajuda da automação.
A instalação de US$ 300 milhões fica em Danville, no estado da Virgínia, e produzirá marcas Tyson totalmente cozidas, incluindo salgadinhos Anytizers e nuggets de frango.
A fábrica, que deverá empregar 400 pessoas, possui linhas automatizadas de embalagem de caixas e unidades robóticas de paletização de caixas de alta velocidade. A fábrica tem 30 mil metros quadrados e está apta a produzir 1,8 mil toneladas de proteína por semana com a capacidade total instalada.
A Tyson se comprometeu a comprar e usar aves criadas na Virgínia para a operação, acrescentaram as autoridades.
É curioso o movimento, visto que a própria Tyson fechou seis fábricas de frango e duas de carne pronta este ano “para melhorar nossa utilização de capacidade e mix”, disse o presidente e CEO, Donnie King, durante uma teleconferência sobre os últimos resultados da empresa em novembro.
Mas a explicação do executivo é que os resultados recentes da empresa mostram melhor desempenho nos alimentos já prontos. O grupo frigorífico está buscando simplificar as operações e escalar a produção de produtos de valor agregado mais lucrativos.
A nova fábrica de Danville, que foi anunciada pela primeira vez em 2021, usará robôs para transformar carne em alimentos já prontos. A fábrica utilizará braçadeiras para melhorar a segurança e a produtividade dos trabalhadores. Além disso, também contará com tecnologias de detecção de metais, raios X e classificação visual, que auxiliarão no processo de inspeção do produto.
Sem a automação, a empresa tem enfrentado alguns problemas com os consumidores. Em novembro, a Tyson fez o recall de 13,6 toneladas de nuggets de frango em formato de dinossauro após consumidores encontrarem pequenos pedaços de metal no produto.
“A combinação de nossa equipe e tecnologia em Danville fortalecerá nossa capacidade de atender melhor à demanda por produtos totalmente cozidos da marca Tyson no varejo e no serviço de alimentação”, disse Wes Morris, presidente de aves do grupo Tyson, em um comunicado oficial.
Esse movimento da Tyson indica uma vocação para se tornar uma empresa de comidas já prontas. A companhia gastou em 2023 um total de US$ 83 milhões para expandir uma fábrica de salsichas, e mais US$ 355 milhões para uma unidade de produção de bacon em Bowling Green, no Kentucky.
O CEO da Tyson disse aos investidores este mês que há “uma série de operações online fora dos Estados Unidos” também. Ao mesmo tempo, a empresa vê as vendas diminuírem, e a Tyson responde com redução de despesas de capital.
Também na última teleconferência de resultados, o CFO da empresa, John Tyson, disse que a Tyson Foods reduziu o investimento de capital em US$ 600 milhões no ano fiscal de 2023.“À medida que reagimos às condições de mercado que levaram a uma menor rentabilidade e impactaram o nosso fluxo de caixa operacional”.