Com grandes rebanhos bovino, suíno e de aves, o Brasil é o terceiro maior mercado de nutrição animal do mundo. Aqui, grandes grupos como Cargill, dsm-firmenich, Nutron, entre outras, competem acirradamente.

Para enfrentá-las e ganhar espaço no País, a multinacional holandesa Agrifirm resolveu mexer na mistura das suas operações.

A companhia iniciou uma reestruturação na América Latina, colocando Rodrigo Miguel, profissional com mais de 20 anos de experiência no segmento, como diretor geral para a região.

Em um mercado de 85 milhões de toneladas de ração animal por ano, o principal objetivo do executivo é ganhar participação de mercado. “Queremos ser um dos cinco maiores produtores de aditivos para nutrição animal no Brasil”, afirma Miguel.

A Agrifirm tem três fábricas no Brasil. A principal fica em Santa Catarina. As outras duas estão na região oeste do Paraná, e em Uberlândia, no triângulo mineiro.

“Mas a nossa principal aposta, e os maiores volumes de investimentos, estão em tecnologia. Estas três unidades já atendem bem o mercado e conseguem dar conta do crescimento que planejamos, em termos de volume”, diz Miguel.

O executivo conta que atualmente, com o desenvolvimento de novos produtos, uma quantidade menor da mistura de aditivos na ração dos animais já proporciona bons resultados.

“Em alguns casos, temos misturas de 5 quilos para cada tonelada de ração. Nós temos um portfólio grande, é possível inclusive fazer sob medida”, diz.

A Agrifirm começou sua atuação no Brasil efetivamente em 2015, quando a Nuscience, uma divisão da Royal Agrifirm, comprou a Nutrifarma, empresa brasileira de nutrição animal.

Claro que a função do novo executivo não é olhar só para o Brasil. Como responsável pela América Latina, ele tem na sua missão expandir os negócios da companhia para outros países.

“Temos no planejamento atuar nos mercados da Colômbia e do México, que é o segundo maior da região, atrás só do Brasil”.

Miguel afirma que a Argentina está praticamente com as portas fechadas para a companhia neste momento. “As políticas de comércio exterior inviabilizam uma atuação da Agrifirm na Argentina neste momento. Nós já atuamos no Uruguai, onde somos líderes”.

O Brasil é prioridade e uma das apostas da Royal Agrifirm para voltar a crescer em 2023, já que o ano passado foi desafiador para a companhia holandesa.

Apesar de ter registrado um crescimento de 19% nas receitas ante 2021, chegando a 2,8 bilhões de euros, o lucro operacional da companhia caiu praticamente na mesma proporção.

Segundo o relatório anual da Royal Agrifirm, as dificuldades no mercado global de proteína animal afetaram as margens dos produtos de nutrição.

Em seu relatório anual, a companhia afirma que na América Latina, a cadeia de suínos teve problemas de rentabilidade, o que afetou os preços também dos produtos de nutrição no segmento. “Focamos em uma estrutura comercial mais resiliente, baseada em produtos estrategicamente mais relevantes”, diz a Royal Agrifirm.

Para Miguel, a empresa tem a chance de crescer em um mercado que exige cada vez mais uma produção sustentável também da indústria de carnes.

“Os consumidores estão olhando para a responsabilidade ambiental, e para a produção de carne sem antibióticos. Isso cria uma oportunidade para as empresas multinacionais por conta do maior acesso a tecnologias desenvolvidas no exterior”, diz o executivo.