A Terra Santa Propriedades Agrícolas é o resultado da venda das operações agrícolas da antiga Terra Santa Agro para a SLC, ocorrida em 2021. Desde então, falando em nome dos minoritários, a Esh Capital tem questionado a operação e outras decisões da administração.

Esse questionamento ganhou mais um capítulo nesta terça-feira, dia 7. A Esh apresentou um requerimento para instauração de procedimento arbitral na Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM), da B3, entidade criada para resolver problemas societários de empresas de capital aberto.

A lista de nomes acionados pela Esh inclui Silvio Tini, principal acionista da Terra Santa PA por ser controlador da Bonsucex Holding, que tem mais de 45% do capital da empresa, e Renato Carvalho do Nascimento, fundador da Laplace Investimentos, que tem 23% das ações.

Além deles, a Esh quer incluir na arbitragem atuais membros do conselho de administração e ex-executivos da empresa. No primeiro grupo, estão Julio César Piza e Carlos Augusto Athayde.

Entre os executivos que não fazem mais parte do quadro da empresa, estão Arlindo Moura e José Humberto Prata Theodoro Júnior, que ocuparam a presidência da Terra Santa, e Marcelo Lambrecht, que já foi diretor executivo.

Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Terra Santa PA revela que a arbitragem requerida pela Esh envolve diversos fatos referentes à negociação entre Terra Santa Agro e SLC.

A gestora, que é acionista minoritária, questiona também os resultados de 2022 da companhia, e a contratação de um empréstimo para pagamento de dividendos aos acionistas, referente ao ano passado.

A Esh afirma que vai pedir a invalidação das contas da Terra Santa PA nos últimos anos, já que as decisões dos administradores teriam causado prejuízo à companhia e, consequentemente, aos seus acionistas.

A Terra Santa apresenta seus resultados do terceiro trimestre nesta quinta-feira, dia 9. No primeiro semestre, a empresa acumulou lucro líquido de R$ 13,6 milhões, quadruplicando os ganhos do mesmo período de 2022.

Nos comentários sobre os resultados, a companhia afirma que os lucros foram impulsionados pela melhora no preço de fixação da soja no contrato de arrendamento de terras na safra 22/23, em relação à safra anterior.

Em entrevista ao AgFeed em agosto, Vladimir Timerman, fundador da Esh, classificou a assembleia realizada no dia 15 daquele mês, que escolheu o atual conselho de administração, como “o maior escândalo que já vi em reuniões de acionistas das quais participei”.

Ele descreve a empresa como um ótimo negócio com uma péssima gestão. “O valor de mercado da Terra Santa equivale a 390 sacas de soja por hectare de terra, levando em conta suas propriedades. Em qualquer uma destas propriedades, se chegar para um produtor e oferecer as terras por 1.000 sacas por hectare, eles compram na hora”, disse Timerman à época, para demonstrar como a Terra Santa tem potencial.

No momento da entrevista de Timerman, a ação da Terra Santa PA valia mais de R$ 25. Nesta quarta-feira, está abaixo de R$ 17. Desde 15 de agosto, data da AGE que definiu o novo conselho, a ação caiu 34%.