Solubio e AgroGalaxy tem vários pontos em comum, como executivos que já serviram (ou ainda servem) nas duas companhias. O principal exemplo é Sheilla Albuquerque, atual CEO da empresa de bioinsumos, que já ocupou a mesma posição no grupo de distribuição e varejo agrícola.
Mas, sobretudo, possuem o mesmo controlador, a gestora Aqua Capital. Por conta disso, a decisão do AgroGalaxy de ajuizar um pedido de recuperação judicial, na semana passada, passou a gerar efeitos colaterais na Solubio, sobretudo na relação com investidores que participaram em duas emissões de CRAs feitas há dois anos pela empresa.
As duas captações somam R$ 225 milhões e foram negociadas de forma pulverizada no mercado de capitais.
Recentemente, com uma maior restrição de crédito no mercado e a desaceleração das vendas de insumos, a companhia iniciou um processo de renegociação das condições desses títulos, que vinha ocorrendo desde o mês de maio.
Até agora, cerca de R$ 111 milhões foram repactuados com o mercado, com alongamento de prazos e redução de juros para pagamento.
O valor representa, segundo informou a própria empresa em nota enviada à imprensa, 70% do objetivo da Solubio. A expectativa era obter sucesso na renegociação de pelo menos mais R$ 50 milhões.
O baque do AgroGalaxy, entretanto, fez com que a estratégia fosse revista e as conversas em andamento, suspensas.
Nas renegociações concluídas a empresa obteve uma extensão de até cinco anos no prazo de pagamento dos CRAS, cujo vencimento era, em média, de 3,5 anos, além de 18 meses de carência.
As conversas que já resultaram em novas condições foram majoritariamente com grandes investidores. Nesta segunda etapa, as negociações envolviam um número maior de interlocutores.
Com os valores já equacionados, a empresa afirma estar bem posicionada em termos de caixa para honrar os compromissos financeiros nos próximos meses.
De acordo com a nota da empresa, os resultados obtidos até agora apontam para “mais de 10% de crescimento da receita em comparação ao registrado em 2023, apesar do cenário macroeconômico de alta de juros, queda no preço das commodities, questões climáticas e inadimplência de produtores rurais, que têm afetado as empresas do setor de maneira global”.
Além disso, a Solubio projeta crescimento de mais de 40% de Ebida (lucro antes de amortizações, impostos e taxas, na sigla em inglês) em 2024, “com perspectivas positivas para o próximo ano em razão de lançamentos de bioinsumos e microrganismos promissores em fase avançada de pesquisa”.
A Solubio consta da lista de 2,5 mil credores listados na recuperação judicial do AgroGalaxy, somando um passivo de R$ 4,1 bilhões. Segundo documento anexado no processo que tramita na 19ª. Vara Cível de Goiânia, a dívida da rede de revendas com a outra empresa do Aqua é de R$ 7,5 milhões.
Confira a íntegra da nota da Solubio:
Em uma ação de fortalecimento da sua operação, a empresa de manejo biológico no campo SoluBio iniciou, em maio de 2024, um movimento de reposicionamento para garantir geração de caixa e crescimento sustentáveis.
Com a expansão de 17% da receita no primeiro semestre deste ano e alcance de sua atuação em mais de 400 fazendas no Brasil, a empresa foi muito bem sucedida na renegociação para alongar o prazo de pagamento de R$ 111 milhões da atual posição de CRAs, representando aproxidamente 70% do montante em balanço.
O acordo com os investidores resultou no alongamento de 5 anos adicionais para pagamento da dívida, além de dezoito meses de carência.
Em linha com o plano de crescimento, a Solubio ainda estuda o melhor momento para iniciar nova rodada de conversas com investidores para trazer um adicional de até R$ 50 milhões, o qual garantirá mais conforto para a operação em meio ao contexto mais desafiador do agronegócio brasileiro.