O grupo catarinense Olim nasceu no arroz, cresceu com o campo, e hoje, se divide entre as lavouras e as prateleiras. Criada há seis décadas em Jacinto Machado (SC) pela família Just, a empresa se espalhou pelo País com uma operação dupla: de um lado, uma indústria de beneficiamento e marcas próprias de arroz que circulam entre o Sul e o Nordeste.
No outro, toca uma rede de revendas que distribui sementes, insumos e máquinas a pequenos e médios produtores. Segundo o sócio do grupo, Maurício Mondo, a empresa fatura cerca de R$ 600 milhões por ano, sendo pouco mais da metade da operação industrial e o restante das revendas e do e-commerce.
“Fomos à distribuição porque precisávamos originar grãos. Hoje fazemos isso através da venda de sementes, insumos agrícolas, máquinas e implementos”, explica Mondo, sócio de Sander Just, filho do fundador da empresa. A Olim Agro trabalha com marcas como Corteva, Yara, FMC, Eckert, Terra Dura, Nidera, Lannes, Coxilha, Husqvarna e Yanmar.
Mondo contou que para seguir crescendo, a Olim está investindo R$ 35 milhões na construção de uma nova planta de beneficiamento e armazenagem no município de Cristal (RS), perto de Pelotas.
A unidade terá capacidade de armazenamento para 1,2 milhão de sacas, sendo 1 milhão para arroz e 200 mil para soja, com a primeira etapa da construção, que já será responsável por um terço da capacidade, já para a próxima safra.
Atualmente, a empresa já possui duas unidades industriais, uma em Jacinto Machado, focada na produção de arroz parboilizado, e outra em Eldorado do Sul (RS).
“Temos um plano de crescimento, e vimos a necessidade de crescer na produção e beneficiamento de grãos por uma questão de competitividade. A ideia é estar mais presente, como uma marca nacional e não regional”, disse Mondo ao AgFeed, em entrevista concedida durante o GAFFFF 2025.
Mondo cita que a Olim comercializa tudo que capta dos produtores, cerca de 2,5 milhões de sacas de arroz anuais. A companhia vende com marcas próprias arroz branco, parboilizado, integral, farinha de arroz e arroz de risoto.
As marcas chegam a supermercados do Sul, Sudeste e Nordeste, sendo a última a região com mais vendas.
Na parte de revenda, além do e-commerce, a companhia tem uma loja em Jacinto Machado, outra em Araranguá (SC) e outra em São Joaquim, também no estado.
Maurício Mondo conta que essa relação intrínseca entre os produtores na parte de originação e as revendas, ajuda a companhia a não ter problemas na área de crédito.
“Hoje temos 1,2 mil clientes depositantes e uma carteira de 2,2 mil clientes ativos. Geralmente, é um produtor que já tem histórico com a gente, com anos de parceria", cita.
Os clientes das revendas, que são os arrozeiros, tem porte variado, e os pedidos variam entre R$ 5 mil e R$ 2 milhões. Essa relação próxima faz a empresa trabalhar com um barter diferente do tradicional, um “barter caipira”, como disse o sócio.
Segundo Mondo, a operação é baseada no histórico dos clientes que costumam depositar arroz na empresa, e não exige a fixação prévia de preços futuros, já que esse é um mercado que não possui tanta liquidez quanto de grãos como soja e milho.
“O que a gente faz é uma troca agora, valorizando o produto direto por insumos. É um barter presente, não futuro”, disse o executivo.
Na data combinada, a liquidação é feita com a entrega de grãos, conforme acordado. “O último período vai liquidar por uma troca de grãos”, afirmou. O modelo vem com um prêmio aos produtores de 5% a 7% sobre o valor do produto quando o contrato vence.
Resumo
- Companhia investe R$ 35 milhões em nova planta no RS com capacidade para 1,2 milhão de sacas, sendo 1 milhão de arroz e 200 mil de soja
- Olim Agro fatura cerca de R$ 600 milhões por ano com operação dividida entre indústria de arroz e revendas de insumos e máquinas
- Empresa aposta em modelo de “barter caipira”, baseado em histórico do produtor, sem fixação prévia de preços e com liquidação futura em grãos