A FS (Fueling Sustainability) enfrenta desafios para melhorar o perfil de dívida, apesar de ter anunciado, nos meses anteriores, a intenção de reduzir seu endividamento.
No primeiro trimestre da safra 2024/2025, a gigante na produção de etanol de milho do Brasil saiu de uma posição de lucro para prejuízo.
No período, a dívida líquida da companhia mato-grossense aumentou R$ 1,05 bilhão. Passou de R$ 5,36 bilhões no fim do quarto trimestre de 2024, para R$ 6,41 bilhões ao final do primeiro trimestre de 2025.
Segundo o balanço financeiro da companhia, o aumento das dívidas foi impulsionado por um fluxo de caixa operacional negativo de R$ 289,2 milhões no trimestre. Segundo a empresa, o principal motivo foi o aumento do capital de giro: “resultado dos pagamentos de milho que foram postergados de trimestres anteriores”, diz a nota oficial.
Ao final do primeiro trimestre de 2025, a dívida bruta total atingiu R$ 10,2 bilhões e o caixa, R$ 3,8 bilhões. Com isso, a dívida líquida foi 27,4% superior ao primeiro trimestre e 19,6% superior ao quarto trimestre de 2024.
“O aumento da dívida bruta comparado ao 1T24 ocorreu majoritariamente devido a emissão do FS Green Bond 2031, às emissões de CRAs e outras linhas de capitais de giro realizadas entre os períodos, parcialmente compensadas pelo exercício de gestão de passivos realizado pela Companhia", diz o relatório da FS.
O endividamento dos títulos verdes (Green Bonds) cresceu 32,6% para o primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior. No caso dos certificados de recebíveis do agronegócio e imobiliários (CRA/CRI), houve um aumento de 54,6%.
Enquanto isso, comparado ao resultado para o quarto trimestre de 2024, o aumento da dívida bruta ocorreu majoritariamente devido à alta de juros e à variação cambial.
No trimestre, a empresa reconheceu uma perda de R$ 232,3 milhões devido à desvalorização de 11,3% do real frente ao dólar, contrastando com a valorização de 5,1% do real no mesmo período do ano anterior.
Esse prejuízo foi dividido em “R$ 2,8 milhões de perdas realizadas e R$ 229,5 milhões de perdas não realizadas.” Em contrapartida, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) aumentou 5,8% no período, para R$ 398,9 milhões.
A receita líquida, por sua vez, cresceu 11,9% no comparativo anual, para R$ 2,03 bilhões. Os segmentos formadores das receitas da FS são etanol, nutrição animal, revendas e geração de energia.
No caso do etanol, carro-chefe da companhia com 71,9% de participação na receita líquida por segmentos, teve um total de R$ 1.276,5 milhões em receita líquida para os primeiros três meses de 2025, resultado 14,3% superior ao período anterior.
Segundo a FS, o preço de venda do etanol foi R$ 0,084 por litro superior para o primeiro trimestre de 2025, em comparação ao etanol hidratado (base Esalq).
No período, o preço líquido médio de venda de etanol foi de R$ 2,49 por litro, uma queda de 14,7% em relação ao trimestre anterior. Enquanto isso, o preço médio do etanol hidratado foi de R$ 2,33 por litro - 13,3% menor que no mesmo período do ano anterior.
“Essa queda foi influenciada principalmente pela redução na paridade entre etanol e gasolina nas bombas”, diz o balanço.
Processamento
Para os primeiros três meses de 2025, a FS processou 1.308,5 mil toneladas de milho, um aumento de 24% em comparação ao mesmo período de 2024.
O resultado foi impulsionado pelo início das operações da terceira planta em Primavera do Leste (MT) em maio de 2023.
O consumo de biomassa também cresceu, atingindo 1.069,0 mil m³ no período - alta de 18,8%. A produção de etanol foi de 573,0 mil m³, um aumento de 26,6% em relação ao ano anterior, com vendas de 527,7 mil m³ — 33,9% superiores ao primeiro trimestre de 2024.
Entretanto, a proporção de etanol anidro vendido caiu 12,0 pontos percentuais no comparativo anual.