Apesar do momento desafiador para o agronegócio brasileiro, algumas das grandes empresas do setor colocam em prática planos para seguir avançando no mercado de capitais, mesmo em meio às instabilidades climáticas e queda nas cotações das principais commodities agrícolas.

É o caso da Kepler Weber, uma das maiores empresas do país em armazenagem de grãos, o chamado pós-colheita. Em maio de 2023, o conselho de administração da companhia já havia aprovado o início dos procedimentos para estruturar um programa de American Depositary Receipts (ADRs), recibos lastreados nas ações ordinárias que são negociados nos Estados Unidos.

Naquele momento, a Kepler Weber estava autorizada a levantar toda a documentação e passar por todos os processos de aprovação do programa de ADRs, inclusive pela Securities and Exchange Commission (SEC), a CVM do mercado de capitais norte-americano.

Em nova reunião realizada nesta quarta-feira, o conselho aprovou o lançamento do programa de ADRs. A Kepler Weber ressalta que a emissão de ADRs não vai implicar em aumento do capital ou emissão de novas ações.

O programa entrou em fase de implementação, e cada ADR da Kepler vai corresponder a uma ação ON da companhia. Os papéis serão registrados no Nível 1 da SEC, ou seja, não serão listados em índices de ações, com negociação somente no chamado mercado de balcão. Nesse caso, as negociações acontecem diretamente entre investidores, geralmente com intermediação de instituições financeiras.

A chegada ao mercado de capitais americano chega em um momento desafiador para a Kepler Weber. No terceiro trimestre de 2023, a companhia registrou quedas superiores a 40% no lucro líquido e no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), além de ver seu retorno sobre capital investido cair pela metade em relação a 2022.

Porém, em entrevista recente ao AgFeed, Bernardo Nogueira, diretor comercial da Kepler Weber disse que estava começando 2024 com uma carteira de clientes maior que o ano anterior, demonstrando otimismo, principalmente pelas oportunidades que o défici na capacidade de armazenagem de grãos no Brasil ainda oferece ao mercado.