Depois da polêmica e do leite derramado, vieram os panos quentes, em mais um caso polêmico envolvendo o agro do Brasil e uma multinacional com sede na França – a Danone, desta vez.

Nesta segunda-feira, 9 de dezembro, o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (Mapa) informou que recebeu da Danone uma nota com um pedido de desculpas. O texto traz informações sobre o suposto boicote por parte da multinacional em relação à soja de origem brasileira.

Depois de Jurgen Esser, CFO do grupo alimentício para a Europa afirmar com todas as letras que a companhia não compraria mais soja brasileira e uma pequena crise se instalar, a companhia se retratou oficialmente nesta segunda com o Mapa.

“Confirmamos que a Danone continua consumindo soja brasileira em suas operações locais e internacionais, em conformidade com as regulamentações aplicáveis. Ainda assim, se porventura qualquer menção de executivos do grupo levou a entendimentos errados sobre a sustentabilidade da soja brasileira, pedimos as mais sinceras desculpas”, diz trecho do documento.

A carta foi assinada por Silvia Dávilla, presidente da Danone na América Latina, e por Laurent Sacch, vice-presidente executivo global da empresa.

Depois do pronunciamento de Esser, a própria companhia chegou a desmentir o executivo, mas só agora acionou o governo brasileiro formalmente.

A Danone disse, na nota, que as informações circuladas foram “noticiadas de maneira equivocada pela mídia”. Porém, a fala do CFO foi veiculada pela primeira vez em uma nota da Reuters, uma das maiores agências de notícias do mundo.

Segundo a companhia, a soja brasileira é um “insumo essencial na cadeia de fornecimento de ração animal para as operações de laticínios da Danone em todo o mundo”. No Brasil, a maior parte deste volume continua a ser adquirida por meio do Centro de Compras da Danone e disponibilizada a produtores de leite parceiros.

A justificativa do CFO, na época da reportagem que desencadeou a crise, era o não cumprimento às exigências ambientais do grupo, que fatura cerca de R$ 170 bilhões por ano.

"Temos um rastreamento realmente muito completo, por isso garantimos que só levamos ingredientes sustentáveis conosco", justificou na época. O CFO ainda afirmou que a companhia passaria a comprar a oleaginosa da Ásia, sem muitos detalhes da origem exata.

“Trabalhamos ativamente para garantir que a soja seja proveniente de fontes sustentáveis verificadas como livres de desmatamento, independentemente da sua origem geográfica. Também incentivamos ativamente nossos produtores de leite parceiros a comprarem ração apenas de fornecedores que respeitem esse compromisso ou possuam certificações credíveis”, acrescentou a Danone, na nota.

Também em nota, o Mapa pontuou que reitera padrões de qualidade avançados para qualquer tipo de cultura agrícola, e que a carta enviada pela Danone é uma “demonstração dos benefícios aportados pela conclusão das negociações do acordo Mercosul e União Europeia”. “É o início de uma nova e próspera fase no relacionamento entre os países do bloco”, afirmou o ministério.