A Mooca é um dos bairros mais famosos e icônicos da cidade de São Paulo. A forte influência italiana e o Juventus, segundo time de praticamente todo paulistano, são os grandes impulsionadores desta fama.
Pouquíssima gente sabe que ali, na área industrial da Mooca, está localizada a sede de uma empresa que produz cafés especiais. Quem passa por lá não sente o aroma característico e não há qualquer indicação sobre o Café Santa Mônica.
A companhia é discreta, mas nem por isso passa despercebida em seu mercado. Recentemente, anunciou uma parceria com a Camil para produzir os cafés com a marca União, a mesma do açúcar.
Além disso, a Santa Mônica é responsável pelos cafés da rede de confeitaria Carlos’ Bakery, do astro norte-americano do reality show Cake Boss, Buddy Valastro, que tem lojas em alguns dos principais shoppings centers de São Paulo.
Com tudo isso, a projeção do CEO do Café Santa Mônica, Marcelo Moscofian, projeta um crescimento de 80% no faturamento para 2024. “A companhia está indo muito bem e há uma demanda cada vez maior do consumidor por cafés especiais. E nós já estamos nisso há muito tempo”, afirma.
A história da companhia é mais urbana do que se possa imaginar. O fundador, Arthur Moscofian Jr., é engenheiro civil de formação, atuou em obras importantes dos anos 1970, como a Usina de Itaipu e as rodovias dos Imigrantes e dos Bandeirantes, em São Paulo, e hoje transita entre o bairro de Higienópolis e a cidade de Machado, no sul de Minas Gerais, onde fica a Fazenda Santa Mônica.
Em 1985, ele criou o café Gourmet Santa Mônica. Hoje, a fazenda, que, de toda a sua produção, gera até 90% de grãos especiais, produz 5 mil sacas por ano em 90 hectares de área plantada.
“Esse sucesso na produção de cafés especiais acontece porque estamos em uma busca constante de inovação. Eu recebo na fazenda produtores e pessoas da cadeia do café do mundo inteiro que querem saber das nossas técnicas”, conta Arthur.
Ele faz questão de estabelecer uma separação entre a propriedade rural e a companhia Café Santa Mônica, comandada por Marcelo, um de seus filhos. Os dois receberam a reportagem do AgFeed na sede da Mooca.
O Café Santa Mônica processa cerca de 12 mil sacas de café por ano. Portanto, os grãos não são produzidos somente na fazenda da família. “Nós temos cerca de 100 produtores parceiros hoje, que ficam em um raio de 120 quilômetros da Santa Mônica”, conta Arthur.
O fundador da companhia afirma que a Santa Mônica dá consultoria para estes parceiros conseguirem atingir o padrão de qualidade exigido pela empresa.
Na embalagem do Café Santa Mônica está especificado que a pontuação no Protocolo Specialty Coffee Association (SCA) é de 82, em uma escala que vai de 0 a 100. Um café com pontuação acima de 80 é considerado Gourmet.
“Mas o nosso pode ser classificado como Especial, porque a pontuação tem seis quesitos e todos eles são próximos em pontuação, quando se tira a média. E, na mesma embalagem, nós temos cafés com pontuação 84,85. A nossa fazenda chega a produzir café com 91 pontos na SCA”, diz Arthur.
O manejo é feito principalmente com produtos biológicos e o proprietário utiliza as últimas tecnologias disponíveis para manter a qualidade da sua lavoura. Arthur conta que usa desde cascas de laranjas até o manejo do solo via satélite.
“Nos defensivos, não consigo utilizar só biológicos. Mas é o que aplico primeiro. Se não der certo, entro com os químicos para auxiliar. Hoje, usamos 70% de defensivos biológicos e 30% de químicos”, conta o fundador do Café Santa Mônica.
Plano de conquistar os EUA
Atualmente, o Café Santa Mônica exporta somente 10% da sua produção e o destino são os vizinhos da América do Sul.
No entanto, a empresa se prepara para chegar nas casas dos consumidores de café dos Estados Unidos. “Nós já vendemos para alguns clientes lá via Amazon, eles acabam pagando o frete aéreo. Mas estamos acertando os detalhes para vender pela Amazon americana, diretamente aos consumidores”, conta Marcelo.
A empresa ainda não tem uma noção do tamanho do potencial desta abertura do mercado de varejo norte-americano para o faturamento da companhia. “O que sabemos é que há uma grande procura por cafés de qualidade e falta a oferta”, diz Arthur.
Com o crescimento projetado em vendas para este ano e com o plano de vender café na Amazon dos EUA, o Café Santa Mônica vai ampliar sua área de torrefação na Mooca.
“Nós já estamos negociando uma área vizinha aqui. Porque hoje, pelo maquinário, nós temos espaço para triplicar o volume de torrefação. Mas o espaço físico não comporta, então vamos ampliar”, revela Marcelo. O galpão atual tem cerca de 2 mil metros quadrados.