No mercado financeiro, uma das máximas mais antigas diz que muitas vezes, a ação “sobe no boato, cai no fato”. No caso da Corteva, é necessário adaptar essa máxima, já que a ação “caiu nas projeções, subiu no balanço”.
Depois de divulgar seus resultados do quarto trimestre de 2023, na noite da quarta-feira, 31 de janeiro, a ação zerou as perdas que tinha acumulado nas semanas anteriores nesta quinta-feira, subindo 16%.
Isso aconteceu em virtude e a Corteva ter conseguido apresentar receitas e, principalmente, um lucro por ação acima do que esperava o mercado.
O consenso levantado pela Zacks Equity Research, casa de análise dos Estados Unidos, projetava um lucro por ação de US$ 0,06 para a companhia no quarto trimestre de 2023. A companhia apresentou US$ 0,15 por ação.
O resultado representa uma queda de 6% em relação ao mesmo período de 2022, mas como surpreendeu analistas e investidores, foi bem recebido pelo mercado.
A receita líquida de US$ 3,7 bilhões nos últimos três meses do ano passado representam um recuo de 3% na comparação anual. No entanto, ficou quase 5% acima das estimativas dos analistas ouvidos pela Zacks.
A empresa apresentou suas perspectivas para o ano de 2024. A projeção para as receitas fica em um intervalo entre US$ 17,4 bilhões e US$ 17,7 bilhões. Se o resultado ficar na mediana desse intervalo, a Corteva terá um crescimento de 2% no indicador.
Para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), a companhia espera um intervalo entre US$ 3,5 bilhões e US$ 3,7 bilhões, o que representa um avanço potencial de 6%. O lucro projetado para todo o ano fica entre US$ 2,70 e US$ 2,90 por ação, e se ficar em US$ 2,80, terá crescimento de 4% em relação a 2023, quando o lucro ficou em US$ 2,69 por ação.
As operações da Corteva na América Latina acabaram impedindo um resultado melhor tanto no trimestre quanto no ano.
Entre outubro e dezembro do ano passado, a queda nas vendas líquidas na América Latina, segundo maior mercado da companhia, foi de 9% em relação ao mesmo período de 2022. No ano, o recuo foi de 12%.
Segundo a Corteva, no geral, o volume de produtos vendidos caiu 9% no quarto trimestre, número prejudicado pela área de defensivos agrícolas na América Latina. Na área de sementes, as condições climáticas no Brasil prejudicaram as vendas. A empresa conseguiu compensar parcialmente esse menor volume, com os preços subindo 1% em um ano.
Em sementes, as receitas na América Latina caíram 7%, tanto no trimestre quanto no ano passado. No geral, a Corteva conseguiu manter as vendas de sementes praticamente estáveis no trimestre, enquanto no ano, houve aumento de 5%.
A empresa informa que conseguiu colocar em prática uma estratégia que permitiu aumento de preços, de 14% para o milho e de 7% na soja. A Corteva diz que houve também um aumento na demanda global pelas sementes.
No Brasil, a companhia cita que o mercado de sementes de milho foi prejudicado pela diminuição de área na segunda safra.
No Ebitda, os resultados das duas áreas tiveram desempenhos opostos. Enquanto em sementes, o resultado dobrou, chegando a US$ 145 milhões no trimestre. Em defensivos, o Ebitda caiu 20%, para US$ 267 milhões.