A Corteva prepara o lançamento de uma variedade híbrida de trigo não transgênico capaz de ser tolerante à seca e, ainda assim, ter uma produtividade 10% superior às comercializadas atualmente.

Em comunicado, a empresa chamou de “revolucionária” a tecnologia, que será lançada oficialmente no investor day da Corteva, nesta terça-feira.

A expectativa é de que a tecnologia esquente a disputa por cultivares mais atrativas na produção de trigo. O mais recente lançamento no mercado mundial foi o trigo transgênico HB4, produzido pela multinacional de origem argentina Bioceres, mas ainda em fase de aprovação em alguns países.

O trigo híbrido da Corteva deve ser disponibilizado para todos os mercados da cultura e tem previsão de chegar às lavouras da América do Norte em 2027, por meio da Pioneer, seu braço de sementes.

Inicialmente a tecnologia será aplicada ao “Hard Red Winter”, a variedade de trigo duro mais cultivada nos Estados Unidos, usada para fazer farinha de pão. Depois, será aplicada aos demais itens do portfolio.

Apesar da estimativa de produtividade conservadora, a variedade de trigo chegou a render mais de 20% nos testes feitos em comparação com outras cultivares em ambientes de estresse hídrico, o que “ajudaria os agricultores a se adaptarem melhor aos impactos das mudanças climáticas”, diz o comunicado.

A empresa destacou que, ao contrário do milho híbrido, cultivado há mais de um século, o genoma do trigo enfrentou barreiras para se criar uma tecnologia híbrida economicamente viável. Mas o mapeamento do genoma do trigo, em 2018, possibilitou o avanço, e o desenvolvimento da nova variedade.

"A Pioneer introduziu o milho híbrido na década de 1920 e, desde então, nossa tecnologia ajudou a atingir mais de 600% de aumento na produtividade média", disse o diretor de tecnologia e digital da Corteva, Sam Eathington, no texto divulgado pela empresa.

"Com nossa nova e exclusiva tecnologia proprietária para trigo, estamos agora igualmente preparados para levar os benefícios revolucionários e o potencial de produtividade da hibridização para mais uma cultura essencial", acrescentou.

A empresa afirma que, ao contrário de outros sistemas de hibridização de trigo que dependem de tecnologia mais antiga, o lançamento da Corteva demonstrou em testes que funciona em 100% do germoplasma de trigo, “permitindo ganhos genéticos mais rápidos e distribuição de sementes em escala comercial”.

Trigo “maradona”

O anúncio da Corteva ocorre após a concorrente argentina Bioceres conseguir uma série de aprovações, inclusive nos Estados Unidos, da primeira variedade de trigo geneticamente modificada, a HB4.

O trigo transgênico da Bioceres também é tolerante à seca, prometendo 20% mais em produtividade. Além dos Estados Unidos e Argentina, a variedade transgênica da Bioceres foi aprovada também pelos órgãos reguladores de Paraguai e Brasil.

As vendas do HB4 tiveram início em 2024, para redes varejistas de insumos da Argentina. A comercialização nos Estados Unidos deve começar daqui a dois anos, já que o plantio foi autorizado em 2024.

No Brasil, a expectativa é de que o plantio comercial comece em 2026, segundo informou a Bioceres em entrevista ao ao AgFeed, no ano passado.