Com 30 anos de mercado, a experiente empresária Beate von Staa, dona da Topgen, que tem 45 anos de história, é categórica:. “2022 foi o pior ano da nossa história. Com o alto preço dos grãos, os produtores estavam com pouca disposição para investir”, conta.
Ela já enxerga, porém, sinais de recuperação, embora ainda abaixo do esperado. “Vamos fechar o ano com um faturamento de R$ 15 milhões, falando só de genética suína”, diz.
Localizada em Jaguariaíva, a Topgen atua em um elo estratégico da cadeia da suinocultura, o melhoramento genético. Das matrizes desenvolvidas ali serão transmitidas a várias gerações de suínos características fundamentais para garantir saúde e ganho de peso, gerando valor ao suinocultor.
Assim, se o produtor não investe em melhoramento, a produtividade, na melhor das hipóteses, fica estagnada.
Beate von Staa se mantém, no entanto, “levemente otimista” com as perspectivas para o próximo ano. “Em 2023, tivemos um cenário de super oferta no mercado interno, o que pressionou as margens das granjas. Para o ano que vem, o cenário deve melhorar, mesmo com o aumento esperado dos custos com ração”.
No caso da Topgen, que sempre teve uma atuação mais “fechada”, a empresária resolveu adotar uma estratégia de mais divulgação. “Começamos a investir em marketing para chegar aos produtores”.
O mercado de suínos, especialmente na produção de matrizes que vão gerar leitões, mudou bastante nos últimos anos.
“Hoje, as granjas não podem mais receber visitas, para evitar contaminações. Nós construímos uma nova unidade no final da década de 1990 que se encaixava neste contexto”, conta von Staa.
Há cerca de 10 anos, depois de procurar as melhores linhagens em países como Estados Unidos e Canadá, a Topgen fechou uma parceria com a suíça Suisag, que ajudou no desenvolvimento da fêmea-avó, chamada de Vênus, matriz que gerará as mães dos leitões produzidos em larga escala para abate.
“O índice de mortalidade dessa linha de matrizes é de 3,9%, e na creche, os leitões gerados por essa linhagem tem mortalidade de pouco mais de 1%”, conta von Staa.
Trata-se de um resultado extraordinário. Um levantamento feito pelos médicos veterinários Djane Dallanora e Anderson Antônio de Quirós em 2022 mostrou que, em uma amostra de 133 granjas brasileiras com aproximadamente 240 mil matrizes, a mortalidade média foi de 9%.
Segundo o estudo, quanto maior a granja, maior o índice de mortalidade. Enquanto aquelas que abrigam até mil animais têm índice de 8,4%, as que possuem mais de 7 mil matrizes apresentam a maior proporção, de 11,3%.
Entre as causas apontadas pelos especialistas estão o sistema de alojamento das matrizes, a qualidade da água, escala de produção e fase da vida produtiva.
A Topgen afirma que os produtores conseguem, com a linhagem Vênus, uma economia de 2% nos custos por quilo de leitão.
Mas segundo von Staa, esse não foi o único objetivo buscado no desenvolvimento genético desta linha. “Nós buscamos também um animal mais dócil. Fomos eliminando linhas que apresentavam animais mais agressivos, até por uma questão de segurança”.
Além da Suisag, a Topgen tem parcerias com a Embrapa, Universidade de São Paulo (USP), e Universidade Estadual de Londrina (UEL).
A empresária lembra que o melhoramento genético pode elevar o potencial de exportação da carne suína brasileira.
Ela deu o exemplo do Japão. “É o mercado que mais paga pelo quilo de carne suína no mundo. Mas eles também são os compradores mais exigentes. Rejeitam carne muito seca e muito branca, pedem gordura entremeada. E aí, o melhoramento genético ajuda muito”, diz von Staa.
Além da Vênus, a Topgen oferece também a linha de matrizes Afrodite, que geram os leitões direcionados para consumo final.
Segundo a descrição feita pela companhia, a Afrodite é marcada pela rusticidade, que permite melhor adaptação a diferentes condições ambientais e de manejo. Além disso, consegue alto volume de produção de leite.