A CNH, empresa global de máquinas agrícolas, comunicou nesta quarta-feira, 10 de janeiro, que irá promover uma redução na sua equipe de liderança global. Em nota oficial publicada pela empresa, a companhia dona das marcas Case e New Holland declarou que está “realinhando” o time de “Liderança Sênior” (SLT), que passará a ser chamado de Equipe de Liderança Global (GLT).

“A GLT é o órgão de tomada de decisão operacional da empresa responsável por impulsionar o desempenho dos negócios da empresa. Essa estrutura mais enxuta foi projetada para entregar liderança focada e responsável, priorizando os segmentos de negócio da CNH”, afirmou a companhia.

Em resumo, a empresa pretende focar no que chama de “prioridades estratégicas”, principalmente em tecnologia.” A recente nomeação de Fritz Eichler ao cargo de diretor de tecnologia foi projetada especificamente para fornecer foco e liderança singulares no desenvolvimento, execução e integração de nossas plataformas de ferro e tecnologia”, disse a empresa em comunicado.

Sob a nova estrutura, cargos como diretor da cadeia de suprimentos e diretor de tecnologia trabalharão em estreita colaboração com as unidades agrícolas e de construção da CNH.

A equipe dos diretores “C level” não inclui mais chefes regionais, que anteriormente eram considerados gestores seniores. De acordo com o comunicado, esses líderes irão se reportar diretamente às organizações lideradas pela GLT. Segundo a CNH, isso deve “garantir uma tomada de decisão rápida e melhorada”.

“Estes líderes diversificados e experientes permanecerão destacados nas principais instalações da empresa em todo o mundo, promovendo a concretização das nossas prioridades estratégicas”, pontuou a companhia.

A decisão ocorre num momento mais desafiador para todo o setor de máquinas agrícolas. De acordo com informações do site Agriculture Dive, a própria CNH reduziu sua força de trabalho assalariada em 5% ao final de 2023, já prevendo essa demanda menor em 2024.

No Brasil, mesmo que instituições projetem um ano estável em 2024 frente a 2023, o ano anterior foi marcado por uma queda forte em relação a 2022 e 2021.

A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) calcula que em 2024, as vendas do setor devem ficar estáveis na comparação com esse ano.

“Não vejo gatilhos para euforia. O que ainda nos preocupa é se o El Niño for muito prejudicial para a colheita. Se a produtividade for muito abaixo do normal, o mercado pode retrair", afirmou o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão, em entrevista ao AgFeed em dezembro.

Em 2023, o faturamento do setor de máquinas agrícolas caiu 20% frente ao ano de 2022, algo já esperado dado os aumentos expressivos nos dois últimos anos.

Em 2022, o faturamento foi de R$ 91 bilhões, uma elevação de 2% frente a 2021. O segmento cresceu 17% em 2020 ante 2019 e 48% em 2021 ante 2020. Mesmo com a queda em 2023, o patamar ainda está acima da média histórica, segundo Estevão.

Ricardo Jacomassi, sócio e economista-chefe da TCP Partners também projeta um ano "no zero a zero" em 2024 para o setor. Nos cálculos da empresa, a venda de máquinas ficou, em unidades, em 56,4 mil em 2021, 67,3 mil em 2022 e deve encerrar 2023 em 55,2 mil. Para 2024, a projeção atual é de 59,6 mil máquinas vendidas, um acréscimo de 8%.