O presidente da Coopercitrus, Fernando Degobbi, admite que quando o assunto é irrigação, é mais comum se pensar em culturas de grãos, especialmente soja e milho, além de algodão. Mas a própria cooperativa comandada por ele tem mudado essa percepção.

A parceria da Coopercitrus com a Bauer, empresa austríaca especializada no segmento, para oferecer todo o sistema de irrigação para os cooperados apresenta resultados positivos após um ano do acordo, principalmente no faturamento das duas partes.

Degobbi conta que para a Coopercitrus, o faturamento com irrigação registra crescimento de 20% em 2024. “Nós conseguimos atingir novas culturas e apresentar novas tecnologias. Temos 22 pivôs vendidos para um grande grupo canavieiro e um grupo de frutas cítricas que vai instalar até 10 pivôs em seus pomares no Mato Grosso do Sul”, contou ao AgFeed.

Para a Bauer, a parceria com a cooperativa foi decisiva para possibilitar um crescimento rápido no interior de São Paulo, principalmente. “Com a Coopercitrus, nós aumentamos em 20 vezes o número de pivôs que costumávamos vender na região”, disse Rodrigo Parada, CEO da Bauer Brasil.

O executivo ressalta que o ano de 2024 está bastante difícil para o mercado de irrigação no Brasil. “No geral, há uma queda de 40% no faturamento e de 20% no volume de equipamentos vendidos”.

A Bauer, entretanto, está na contramão dessa tendência. “Projetamos fechar o ano com um crescimento de 30% tanto em faturamento quanto em volume de pivôs vendidos, ficando próximo de R$ 700 milhões em receitas”, afirmou Parada.

Com esse bom resultado e a demanda impulsionada pela parceria, a Bauer está investindo na ampliação de sua fábrica e na construção de uma nova, que ficará em frente à atual, em São João da Boa Vista, interior de São Paulo, além de uma nova sede administrativa.

Serão R$ 40 milhões investidos neste projeto, que vai aumentar em 80% a capacidade produtiva da Bauer no Brasil.

Em termos de alcance, o primeiro ano da parceria entre Bauer e Coopercitrus resultou em mais de 100 pivôs vendidos, cobrindo uma área superior a 6 mil hectares cultivados por produtores atendidos pela cooperativa.

“A maior parte destes pivôs ainda não foi instalada. Esperamos que destes equipamentos já vendidos, todos já estejam em operação antes do final do primeiro semestre do próximo ano”, disse Parada.

Segundo o presidente da Coopercitrus, a parceria com a Bauer permite inclusive uma simplificação no processo de instalação dos sistemas.

“Normalmente, é necessário contratar vários tipos de serviços e equipamentos diferentes, de empresas diferentes. Nesse caso, a Bauer executa todo o processo, desde o projeto até o equipamento, no modelo chave na mão”, explicou Degobbi.

Um grande mercado potencial para a parceria é o de frutas cítricas. A Bauer desenvolveu pivôs para esse tipo de cultura, que são mais altos do que aqueles usados para irrigar área de soja e milho, por exemplo.

“Esse mesmo sistema nos permite oferecer produtos para outras culturas, como mamão e cacau, muito fortes nas regiões Norte e Nordeste”, afirmou Parada.

Para 2025, o plano da Bauer é impulsionar seu faturamento não só com a venda de pivôs, mas também com prestação de serviços para os produtores e até em outros produtos, como separadores de resíduos sólidos. Além disso, como mostrou o AgFeed em janeiro passado, montou uma área de energia fotovoltaica, já que os projetos de irrigação necessitam de energia, que pode ser gerada nas próprias fazendas.

No caso da Coopercitrus, a projeção é crescer 13% em faturamento total no ano de 2024, chegando a R$ 8,6 bilhões.

“Os produtores estão conseguindo se planejar melhor para essa safra que está começando, sem aquele cenário cheio de imprevistos que vimos em 2023. O comportamento do câmbio tem ajudado a normalizar o ambiente para o setor”, disse Degobbi.

Uma das grandes expectativas para a cooperativa é a Coopercitrus Expo, que acontece na próxima semana na cidade de Bebedouro, onde fica a sede da organização.

Degobbi projeta um faturamento de R$ 1,8 bilhão com o evento, que vai contar com mais de 160 expositores, e com mais de 18 mil produtores visitando a feira. É a mesma receita obtida no ano passado.