Para empresas de insumos agrícolas, os negócios de sementes costumam ser fontes de boas notícias. Mais estáveis e com melhores margens que os defensivos agrícolas, são normalmente um colchão para amortecer quedas nos balanços em tempos difíceis.
O relatório financeiro trimestral apresentado pela multinacional americana Corteva nesta quinta-feira, 7 de novembro, mostrou que, às vezes, essa regra traz exceções – e quando isso acontece, o mercado toma um susto.
O desempenho mais fraco na venda da área de sementes, uma das fortalezas da empresa, foi justamente o principal destaque negativo do demonstrativo, ficando mais de 21% abaixo do obtido pela companhia no mesmo período do ano passado e bem aquém do que imaginavam os analistas que acompanham a ação, negociada em Wall Street.
A conta fechou em US$ 661 milhões, enquanto a previsão do mercado falava em mais de US$ 900 milhões. A empresa vendeu menos para produtores de soja (recuo de 13,2%) e de milho (-35%).
Um “vento contrário” vindo da América Latina, “incluindo uma redução significativa na área plantada de milho na Argentina”, seria a principal causa desse retrocesso no resultado” segundo o CEO da Corteva, Chuck Magro.
De resto, afirmou no comunicado que acompanha o balanço, o negócio de sementes “continuou a superar o mercado, provavelmente ganhando participação e melhorando a eficiência operacional”.
Com expectativas e realidade andando em direções opostas, o papel da empresa recuou durante toda a manhã na bolsa americana – amanheceu com depreciação de 10% e por volta da hora do almoço recuava mais de 6%, praticamente roubando toda a valorização (8%) oferecida aos investidores ao longo do último mês.
No total, as receitas da Corteva no trimestre ficaram em US$ 2,3 bilhões, 10% abaixo do resultado do terceiro trimestre de 2023 e 13% menos do que o mercado esperava (algo em torno de US$ 2,7 bilhões).
Com valores menores no trimestre, a empresa revisou suas próprias estimativas (guidances) para o ano de 2024 e também para 2025, já contando com faturamentos menores dos que previsões anteriores.
Até o trimestre passado, a companhia acreditava poder chegar a US$ 17,5 bilhões. Agora, a um máximo de US$ 17,2 bilhões até o fim deste ano. Para o próximo ano, o crescimento deve vir, mas tímido, na casa de apenas 2%.
Um olhar detalhado por linhas de negócios da empresa revela que, assim como as sementes, a redução no desempenho na comparação com 2023 foi praticamente geral.
Nos defensivos, houve até um aumento de volumes, mas com preços menores a receita de US$ 1,64 bilhão ficou 4,5% menor. Dentro desse guarda-chuva, o único aumento de faturamento (de 5,1%) foi com inseticidas.