Quem acompanha a economia brasileira de perto sabe o papel crucial desempenhado pelos portos no comércio de mercadorias. Esta importância é ainda maior quando se trata das exportações do agronegócio, onde cada centavo de eficiência pode fazer a diferença.
Neste cenário, cada novo investimento em portos brasileiros é visto com a expectativa de melhorar a competitividade do Brasil. Uma das notícias sobre a possível onda de investimentos logísticos veio essa semana.
O governo federal realizou o primeiro leilão portuário de 2024, na quarta-feira, na bolsa brasileira B3. O certame rendeu aos cofres públicos R$ 4,75 milhões em outorgas ao arrendar cinco terminais em portos de Pernambuco, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
No total, os cinco ativos leiloados deverão receber investimentos da ordem de R$ 74 milhões. A primeira área arrendada foi o REC08 do Porto do Recife.
Com oferta de R$ 50 mil, a Liquiport Terminal Portuário fará a gestão do terminal pelos próximos dez anos. Durante o período, a nova gestora irá investir cerca de R$ 50,9 milhões em área dedicada à movimentação de granéis sólidos vegetais, como grãos e açúcar.
Ainda em Recife, o leilão do terminal REC09 foi vencido pela empresa Usina Petribú, com lance de R$ 550 mil. O contrato prevê investimento na ordem de R$ 2,2 milhões durante a gestão de dez anos pela nova arrendatária.
Por lá, o foco operacional será na movimentação de arroz. Ainda na capital pernambucana, o terceiro terminal leiloado foi o REC10.
A área, dedicada à movimentação e armazenagem de granéis sólidos e cargas gerais, será administrada pela SCS Armazéns Gerais, que ofertou R$ 3,6 milhões para administração do terminal.
A previsão de investimentos, nesse caso, é de R$ 3 milhões. Os novos aportes deverão reforçar uma vocação do porto de Recife: exportação de açúcar.
Nos primeiros seis meses deste ano, foram embarcadas 322,1 mil toneladas (a granel e ensacado). O volume representa uma alta de 76,80% em relação ao mesmo período de 2023. Além de açúcar, o porto opera embarques de etanol, que no ano passado chegaram a 8.744 m³.
A área portuária é um ponto estratégico no envio de combustíveis — querosene de aviação, óleo diesel, gasolina e etanol — para o arquipélago de Fernando de Noronha. Entre janeiro e junho deste ano, foram enviadas 26,1 mil toneladas, 30,25% mais que no mesmo período de 2023.
Apesar do destaque de arrendamentos na terra do frevo, as outorgas não ficaram exclusivamente concentradas no Nordeste. No complexo do Porto do Rio Grande, o terminal RIG10 foi vencido pela Sagres Operações Portuárias.
A oferta foi de R$ 50 mil pelo terminal dedicado à movimentação e armazenagem de carga geral. A última área leiloada foi o terminal RDJ06, localizado no Porto do Rio de Janeiro.
A gestão da movimentação de carga geral líquida, com foco em óleos básicos e lubrificantes, será feita pela Iconic Lubrificantes. A área foi arrematada por R$ 500 mil e a expectativa de investimentos é de R$ 10,1 milhões.
As empresas arrendatárias serão responsáveis pela gestão das respectivas áreas portuárias ao longo dos próximos dez anos, assegurando a operação, manutenção e modernização desses terminais.
Conforme o Ministério de Portos e Aeroportos, o resultado do leilão vai garantir mais desenvolvimento econômico ao país, modernização da infraestrutura dos terminais, maior agilidade no escoamento da safra e investimento no setor portuário, que tem batido recorde de aporte nos últimos anos.
Nos próximos dois anos, o governo federal planeja realizar até 30 leilões no setor portuário, visando atrair cerca de R$ 15 bilhões em investimentos. Até o final do ano, a carteira de concessão e investimentos governamentais para o modal portuário inclui a realização de outros dois leilões.
O investimento previsto nas rodadas de arrendamento, considerando a operação desta semana, deve ultrapassar R$ 870 milhões. Em 2023, o investimento no setor foi de R$ 213,4, sendo aproximadamente 78% desse montante proveniente do setor privado.