Não seria exagero dizer que a família Randon colocou a cidade gaúcha de Caxias do Sul no mapa econômico brasileiro. A empresa da família que é mais conhecida, inclusive no mercado financeiro, é a de implementos para caminhões, que tem capital aberto e vale quase R$ 4 bilhões.
Mas ainda na década de 1970 a família Randon começou a atuar também no ramo de alimentos. O grupo RAR (iniciais de Raul Anselmo Randon, fundador da empresa, falecido em 2018) é um gigante na produção e exportação de maçãs e produz também queijos, azeite e vinhos.
A Rasip é a empresa dentro da holding que atua somente com maçãs. Com uma produção anual de 60 mil toneladas, a companhia ainda vende mais 6 mil toneladas da fruta produzidas por parceiros para atender toda a demanda.
“Neste começo de 2024, estamos colhendo as maçãs gala. Até abril, colhemos a tipo fuji. Temos crescido uma média de 20% ao ano, e para 2024, esperamos um crescimento entre 15% e 18%”, afirma Sergio Martins Barbosa, presidente da RAR, se referindo à Rasip.
O grupo fechou 2023 com um faturamento próximo de R$ 500 milhões, segundo Barbosa, e a produção e venda de maçãs ainda é o principal negócio da RAR. A meta da holding é chegar a R$ 1 bilhão de faturamento em cinco anos.
São cerca de 1.200 hectares plantados de maçã, uma fruta que tem um ciclo curto e, por isso, está disponível praticamente o ano inteiro, explica o presidente da RAR.
“Tivemos um bom ano em 2023, mas 2024 deve ser ainda melhor. Exportamos 6 mil toneladas de maçã e, para este ano, a projeção é dobrar, chegando às 12 mil toneladas”, revela Barbosa.
A Rasip exporta para mercados diversos, que vão desde a Colômbia até Bangladesh, passando por Europa e Emirados Árabes Unidos.
“No ano passado, começamos a vender para Paraguai e Chile e estamos fechando contratos na África do Sul. Estamos de olho também na América Central, que consideramos uma porta para entrar nos Estados Unidos”.
O Brasil é grande produtor de maçã e, para esse ano, Barbosa espera um aumento entre 5% e 10% no volume produzido, chegando perto de 1 milhão de toneladas. A maior produtora global é a China, com 60 milhões de toneladas por ano.
Para o executivo, o país tem condições de ampliar bastante sua participação global na produção da fruta. “Começar a produzir maçã é caro, é necessário um grande volume de investimentos. Precisa de cobertura para as árvores, máquina classificadora. Por outro lado, eu digo que é a ‘rainha das frutas’, porque se colhe o ano todo”.
A própria Rasip já fez investimentos pesados na estrutura das áreas plantadas. “Hoje, temos quase 70% da nossa área com cobertura anti-granizo. Claro que ainda não temos como proteger a produção de chuvas e ventos fortes. Mas essa estrutura já evita muitas perdas”, afirma Barbosa.
Queijo, azeite e vinho
A vocação agroindustrial da família Randon tem tido bons resultados também em outras frentes. A NTR, empresa do grupo que tem as iniciais de Nilva Therezinha Randon, viúva de Raul Randon, produz cerca de 50 mil litros de leite por dia. Todo ele utilizado na fabricação de queijo da marca Gran Formaggio.
“Somos os maiores produtores de leite do Rio Grande do Sul. Nós tivemos um começo de 2023 difícil e chegamos a interromper a produção. Mas desde abril, nós retomamos”, conta Barbosa.
No ano passado, a RAR vendeu 700 toneladas de queijo e, para este ano, o presidente da holding espera uma melhora significativa, com cerca de 1.200 toneladas.
“Esse queijo que produzimos tem uma maturação de 18 meses. Então, neste momento, estamos vendendo o estoque que já tínhamos, já que os queijos fabricados após a retomada da produção ainda não estão prontos”, conta o executivo.
No caso do azeite, a Rasip é responsável também por oliveiras que ocupam 25 hectares há pouco mais de uma década. “Nesse caso, nós colhemos as azeitonas e enviamos a um parceiro que faz o azeite Nossa Senhora da Oliveira”.
No vinho, a RAR tem um portfólio de 35 rótulos e produz pouco mais de 210 mil garrafas por ano. “Pela nossa capacidade, seria possível chegar a 500 mil garrafas. Temos um bom potencial de crescimento”, diz Barbosa.
Outro segmento de negócios do grupo já tem contato mais direto com os consumidores. A RAR tem uma rede de seis lojas próprias, com presença mais forte nas capitais da Região Sul.
Questionado sobre as intenções de chegar às maiores cidades do país, como São Paulo, Barbosa afirma que a companhia prefere adotar um ritmo mais prudente. “Nós estamos em São José dos Campos com uma loja. Claro que existe esse plano de chegar a São Paulo, por exemplo, mas estamos indo com calma”.