Dona de marcas como Parmalat, Itambé, Batavo e Prèsident, a gigante francesa Lactalis, maior grupo de laticínios do mundo, fez mais um anúncio que mostra seu apetite insaciável para ampliar a presença no Brasil.

Em pouco mais de uma década - chegou ao País em 2013 - a companhia já investiu em torno de R$ 7 bilhões em ampliações e aquisições de fábricas no mercado nacional.

Agora, a Lactalis acaba de anunciar um novo investimento. A empresa vai aportar R$ 100 milhões no Rio Grande do Sul para ampliar suas operações no ano que vem.

O investimento será feito entre as cinco plantas gaúchas da companhia, localizadas nas cidades de Ijuí, Teutônia, Três de Maio – onde a empresa tem duas fábricas – e Santa Rosa, em diferentes regiões do interior.

A Lactalis pretende criar novas linhas de produção em suas unidades gaúchas, fabricando queijo processado em Santa Rosa, whey protein em Teutônia e queijo mussarela em Três de Maio.

A empresa também pretende ampliar a produção de queijo prato em Ijuí, com aumento de capacidade de geração de energia para a unidade.

O Rio Grande do Sul é um importante centro produtor da Lactalis – que também está presente em outros sete estados do País. Dos 10 mil funcionários da empresa, quase 4 mil estão no estado gaúcho.

Desde 2015, quando chegou ao mercado gaúcho, a empresa investiu R$ 452 milhões na região. A presença da companhia francesa no Rio Grande do Sul teve origem na compra de ativos da Lácteos Brasil - LBR e da antiga divisão de lácteos da BRF.

Mais recentemente, no ano passado, a Lactalis firmou uma parceria com a cooperativa Languiru, de Teutônia – que atravessa dificuldades financeiras, com uma dívida de cerca de R$ 1,1 bilhão. Pelo acordo, a cooperativa passou a fornecer todo o volume de leite in natura de seus produtores cooperados à companhia.

De acordo com o CEO da Lactalis Brasil, Roosevelt Júnior, os investimentos não foram afetados pela enchente que arrasou boa parte do estado em maio.

Na época, a empresa passou a envasar água no lugar de leite e informou que iria distribuir 2 milhões de litros de água potável a serem doadas às comunidades atingidas pela tragédia.

“A Lactalis está comprometida com o produtor gaúcho. Contribuímos com tecnologia no campo, gestão das propriedades e insumos de alta qualidade que permitem maior produtividade e renda no campo”, afirmou Roosevelt Júnior.

Ampliando a presença no mercado brasileiro

Mesmo já sendo líder nacional no processamento de leite, com 2,5 bilhões de litros por ano, a Lactalis quer mais.

A intenção da empresa é abocanhar, até 2028, 20% do mercado brasileiro – hoje a fatia é de 13% – segundo afirmou Patrick Sauvageot, presidente da Lactalis para o Brasil e Cone Sul, à agência de notícias AFP, em abril.

Um importante passo para ampliar esse volume foi dado recentemente. A Lactalis está absorvendo, desde o fim do ano passado, as operações da DPA Brasil, joint venture entre Nestlé e Fonterra, adquirida por R$ 700 milhões pela empresa no final de 2022.

No negócio, a Lactalis levou as plantas da DPA em Araras (SP) e Garanhuns (PE), a fabricação e distribuição das marcas Chambinho, Chamyto e Chandelle, e a possibilidade de uso de marcas da Nestlé, como Ninho, Neston, Molico e Nesfit – ainda que essas exclusivamente para o segmento de lácteos refrigerados.

A integração demorou um pouco mais para acontecer, no entanto, porque a aprovação da aquisição pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) só veio em outubro do ano passado.