A segunda maior empresa de processamento de milho do Brasil, a Caramuru Alimentos, anunciou nesta terça-feira uma parceria com a Biocen, Bioenergia Celeiro do Norte, para produzir etanol a partir do cereal, no estado de Mato Grosso.
Segundo comunicado da empresa, o projeto prevê o desenvolvimento e a exploração de uma usina de moagem de milho para a produção de etanol, em Nova Ubiratã, no Centro-Norte mato-grossense.
A joint venture terá investimento inicial de cerca de R$ 1,1 bilhão para a instalação da unidade, que terá a capacidade de produzir 261 mil m³ por ano de etanol de milho, 12 mil toneladas ao ano de óleo de milho e 175 mil toneladas anualmente de farelo seco, conhecidos como DDGs.
A capacidade inicial de processamento da unidade será de 605 mil toneladas de milho por ano, com o início das operações previsto para o final do primeiro semestre de 2026.
O texto do comunicado das duas empresas destaca que “a escolha da localização é estratégica pelo fato de o Mato Grosso ser o estado com o maior rebanho bovino do Brasil e um alto número de suínos e aves, sendo importante por conta do DDGs, que são utilizados para a nutrição animal.”
A Caramuru, que já tinha uma capacidade anual de processamento de 470 mil toneladas de milho, vai deter o controle da empresa, com 51%. Já a Biocen, oriunda de uma das maiores cooperativas do país e a maior de Mato Grosso, terá 49% do capital social total.
No último ano, o faturamento líquido da Caramuru somou R$ 7,5 bilhões, uma redução de 12% frente ao registrado em 2022. No período, a empresa vendeu 2,49 milhões de toneladas de produtos, um aumento de 7,7% frente a 2022.
Este não é o primeiro investimento da Caramuru no etanol. Em agosto do ano passado, em entrevista ao AgFeed, o diretor presidente da empresa Júlio Costa deixou claro que estratégia é seguir agregando valor aos grãos, com produtos diferenciados.
Na época, a Caramuru havia anunciado o início da comercialização de etanol hidratado de soja, que é produzido em seu complexo industrial de Sorriso, em Mato Grosso.
A iniciativa foi considerada pioneira, pois a indústria de etanol geralmente utiliza como matéria-prima a cana-de-açúcar, o milho ou a beterraba. O biocombustível, nesse caso, é produzido a partir do melaço de soja, resultante do processamento da Proteína Concentrada de Soja (SPC), um produto que a Caramuru vende principalmente para ração de peixes.
No etanol, porém, é possível que a ambição seja bem maior. Mato Grosso já é o segundo maior produtor de etanol do Brasil, com 5,72 bilhões de litros gerados.
O segmento vem atraindo investimentos bilionários em função da expectativa de que o produto brasileiro seja valorizado no mercado internacional por apresentar menores índices de emissão de carbono, além de ser um forte candidato para virar matéria-prima para o SAF, o combustível sustentável de aviação.
“As novas usinas vão incrementar em quase 1,5 milhão de litros a produção do estado do Mato Grosso”, disse Giuseppe Lobo, diretor executivo da Bioind MT, a associação de produtores de bioenergia do estado, em conversa recente com o AgFeed.
Além da Caramuru, outros projetos estão em andamento, ele lembrou. “Uma em Itapurá e outra em Diamantino, da RRP, uma da 3tentos em Porto Alegre do Norte, e uma da FS em Querência. Considerando outros projetos, tem mais de R$ 6 bilhões hoje em encaminhamento”, afirmou o dirigente.