Grandes fusões e aquisições sempre provocam grandes movimentações e expectativas quando são anunciadas. Mas as etapas até a conclusão desse tipo de negócio podem trazer surpresas.

O caso mais clássico talvez seja a compra da fabricante de chocolates Garoto pela gigante concorrente Nestlé, aprovada pelos reguladores só 20 anos depois do aperto de mãos entre as partes.

O caso da compra de plantas de abate de bovinos da Marfrig pela Minerva não vai chegar a esse extremo. Mas as companhias sofreram uma derrota parcial, porém relevante nesta terça-feira, dia 21.

O órgão de defesa da concorrência do Uruguai, a Comission de Promocion y Defensa de la Competencia (CPDC), o equivalente ao brasileiro Conselho Administrativo de Defesa econômica (Cade), negou a autorização para conclusão da venda de três unidades de abate da Marfrig para a Minerva.

Segundo comunicados divulgados pelas duas empresas, foi negada a negociação das plantas de Colônia, Salto e San José, as três unidades uruguaias que faziam parte do grupo de ativos de abate vendidos para a Minerva.

As companhias informam que o insucesso com as plantas do Uruguai não vai impactar os negócios que envolvem ativos similares no Brasil, na Argentina e no Chile.

As três unidades uruguaias foram avaliadas em R$ 675 milhões. Portanto, este valor não será repassado pela Minerva para a Marfrig. O valor total da operação era de R$ 7,5 bihões.

A maior parte das 16 unidades envolvidas na transação está localizada no Brasil, que tem 11 destes ativos. O negócio envolve ainda uma planta na Argentina e outra no Chile.

Agora, a expectativa do mercado recai sobre o andamento da negociação que envolve as outras 13 plantas, especialmente no Brasil.

No final de abril, a Superintendência-Geral do Cade decidiu declarar a compra das unidades de abate da Marfrig pela Minerva no país como “complexa”.

Na prática, isso levou a uma prorrogação do prazo de análise da operação pelo órgão brasileiro de defesa da concorrência. Nestes casos, a análise pode levar quase um ano para ser concluída.

Segundo o Cade, é necessário realizar diversas diligências no processo, que pediu informações a diversas partes envolvidas no negócio, como o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).